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Juros sobem com leilão do Tesouro, desconforto com câmbio e ruído fiscal

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Estadão Conteúdos

Os juros fecharam a quinta-feira em alta, mais pronunciada nos vértices intermediários, diretamente afetados pelo megaleilão de títulos prefixados do Tesouro. Para além dos fatores técnicos, os ajustes foram amparados ainda na piora do câmbio ao longo da sessão, o que, somada ao novo aumento do petróleo, traz desconforto para preços de combustíveis e inflação em geral. Ainda, o dia foi de novos ruídos na área fiscal, que encontram terreno fértil enquanto não se define a questão do Orçamento de 2022.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 9,14%, de 9,06% na quarta-feira no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 10,015% para 10,06%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 10,46%, de 10,433% na quarta.

Durante boa parte da manhã, as taxas oscilaram perto dos ajustes anteriores, com viés de alta em alguns prazos, mas no fim do período engataram trajetória ascendente. O leilão do Tesouro foi muito maior do que os anteriores, surpreendendo boa parte dos agentes, e com lotes maiores justamente nos prazos mais longos, o que adiciona risco. Segundo a Necton Investimentos, o DV01 dos prefixados foi 57% acima do que o da operação da semana passada. Foram 19 milhões de LTN, contra 14 milhões na semana passada. O lote de NTN-F saltou de 650 mil para 1,750 milhão.

“Enquanto tivemos esse fator técnico do leilão pressionando o miolo, a ponta mais longa refletiu o incômodo com novos ruídos do cenário fiscal. Além disso, o dólar foi ganhando força durante o dia”, explicou o economista-chefe da Greenbay Investimentos, Flávio Serrano. A moeda norte-americana fechou a quinta-feira em R$ 5,5161, após operar abaixo de R$ 5,50 pela manhã.

De acordo com matéria publicada pela Bloomberg, o governo estaria estudando corrigir o programa Bolsa Família pela inflação e prorrogar o auxílio emergencial em menor valor por dois anos, segundo fontes. A medida teria custo de R$ 27 bilhões e seria feita dentro do teto de gastos.

O economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, confirma que a possibilidade de estender o auxílio com valor menor afetou a curva, num dia ruim para ativos de economias emergentes em geral. Segundo ele, é preciso que muita coisa dê certo para que se tenha um Orçamento que respeite o teto de gastos. “É muita incerteza”, afirmou.

O projeto para reduzir preços via ICMS, aprovado na quarta-feira pela Câmara, não empolgou. Profissionais admitem que pode até dar algum alívio para a inflação, mas estão céticos sobre se vai conseguir passar como está no Senado, que tem alterado bastante as matérias que vem da Câmara. O texto estabelece um valor fixo por litro para o imposto.

“É uma solução simplista para um problema complexo. Claro que vai ter efeito na inflação, mas os Estados vão perder muito em arrecadação. É um puxadinho”, afirmou Lima, da Western.