Lael Brainard disse que o Fed também reconhece que o balanço de riscos “pode ficar mais para os dois lados em algum momento”. A incerteza “atualmente é elevada”, com uma série de estimativas sobre a destinação apropriada para os juros durante o ciclo atual de aperto. Para ela, agir “deliberadamente e de um modo dependente dos indicadores” permitirá avaliar como a atividade e a inflação se ajustam ao “aperto cumulativo”, para atualizar as conclusões sobre o nível de juros necessário de manter “por algum tempo para levar a inflação de volta a 2%”.
A vice do Fed destacou que a inflação está “elevada nos Estados Unidos e no exterior, e o risco de choques inflacionários adicionais não pode ser descartado”. Os bancos centrais que enfrentam inflação elevada têm realizado um aperto monetário “rápido”, para alinhar a demanda e a oferta.
Segundo ela, há o risco de que problemas na oferta possam ser “prolongados ou agravados” pela guerra russa na Ucrânia, pelos lockdowns na China ou por problemas climáticos. Sobre o clima, ela notou que as condições em vários locais, entre eles China, Europa e Estados Unidos, exacerbam pressões de preços, ao causar problemas na agricultura, no transporte marítimo e para as concessionárias.
Brainard lembrou que as projeções mais recentes do Fed apontam para mais altas de juros, neste ano e no próximo, enquanto o balanço será reduzido. No mundo, o aperto monetário também ocorre “em ritmo rápido, pelos padrões históricos”. De qualquer modo, levará algum tempo até que o aperto global tenha provocado todo seu efeito em muitos setores, disse.
O aperto nas condições financeiras gera efeitos secundários nas condições financeiras em outras partes, o que amplifica seus efeitos, lembrou Brainard. Segundo ela, o BC americano está atento a vulnerabilidades financeiras que possam ser exacerbadas, caso ocorram mais choques adversos.
Em países com níveis elevados de dívida soberana ou corporativa, juros mais elevados poderiam aumentar dificuldades no serviço da dívida e preocupações sobre sua sustentabilidade, o que poderia ser exacerbado por desvalorização cambial. Para alguns emergentes, os juros elevados, combinados com demanda mais fraca em economias desenvolvidas, poderiam elevar pressões de saída de capital, “particularmente importadores de commodities que enfrentam preços mais altos de commodities e taxas cambiais mais fracas”, afirmou ainda a vice-presidente do Fed.