Além de técnicos e conhecedores do setor de petróleo e gás, a percepção é de que os escolhidos não terão tempo de alterar as regras do jogo, ou seja, a política de preços dos combustíveis da companhia, de paridade com o preço de importação (PPI), e que se tornou a maior dor de cabeça para a reeleição do presidente Jair Bolsonaro. “São nomes que parecem atender aos requisitos técnicos da Lei das Estatais e também o estatuto da própria empresa, além de terem experiência no setor”, diz Gabriel Brasil, analista de riscos políticos do escritório Cone-Sul da consultoria Control Risks.
Perfil técnico dos escolhidos agradou
A indicação de José Mauro Coelho para a presidência e de Marcio Weber para o conselho de administração da Petrobras significa a escolha por decisões técnicas, na avaliação de analistas ouvidos pelo Estadão. O consultor João Frota, da Senso Investimentos, diz que ambos estão alinhados com as práticas de boa governança da companhia e agradam ao mercado por afastar o viés político de decisões, sobretudo na questão da paridade internacional de preços.
“A eleição se aproxima, e esses nomes devem perdurar até completar esse ciclo. Ou seja, não vão inventar moda nesta altura do campeonato. O contraponto é que se trata da terceira gestão em apenas um mandato de governo (Bolsonaro), o que não é bom, principalmente em uma empresa com o porte da Petrobras”, afirma.
Para Carlos Castrucci, sócio-fundador da HOA Asset Management, Coelho e Weber tendem a manter a companhia no rumo que ela vem trilhando desde o mandato de Pedro Parente, que implantou a atual política de preços de paridade com a importação.
Desafios
O Itaú BBA também considerou positivas as indicações, mas pondera que a companhia deve continuar enfrentando desafios no contexto de preços elevados do petróleo.
Também o analista Pedro Galdi, da Mirae Asset, prevê que os novos dirigentes devem manter a política de preços e dar continuidade à estratégia de desinvestimentos.
Após as indicações, o UBS BB reiterou sua visão positiva para a Petrobras. “Acreditamos que as nomeações e o processo destacam a governança da empresa e independência e reiteramos nossa visão positiva sobre a Petrobras, vendo o risco fortemente inclinado para o lado positivo, com rendimentos de dividendos trimestrais de 5% a 7%”, destacam em relatório do UBS os analistas Luiz Carvalho, Matheus Enfeldt e Tasso Vasconcellos.
O Bradesco BBI observa que até as eleições haverá pouco tempo para tentar implementar quaisquer mudanças na política de preços.
O analista Ilan Arbertman, da Ativa Investimentos, destaca que, “além de perfil técnico, o indicado para a presidência da Petrobras, José Mauro Coelho, dispõe de boa interlocução com o Executivo, detendo bom relacionamento com o ministro Bento Albuquerque (de Minas e Energia)”.
Ele considerou o desfecho “o melhor dos mundos”, por ser simples e não ameaçar a política de preços da companhia.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.