A montadora informa que decidiu terceirizar atividades de setores como logística, manutenção, fabricação e montagem de eixos dianteiro e transmissão média, ferramentaria e laboratórios. A medida vai impactar diretamente 2,2 mil trabalhadores.
O grupo alemão também não vai renovar os contratos temporários de 1,4 mil funcionários que vencem em dezembro, segundo informou em comunicado na tarde desta terça-feira, 6.
Nesse caso, a justificativa é se ajustar à demanda do mercado de veículos comerciais, que, em sua visão, deve cair no próximo ano.
A direção da Mercedes-Benz afirma que o mercado automotivo tem se tornado mais dinâmico e que a competitividade do setor vai continuar se intensificando em razão da transformação das tecnologias tradicionais para novas formas de propulsão, como os veículos elétricos.
Em razão dessas perspectivas, e do aumento da pressão dos custos, alega ser necessário focar atuação em sua atividade principal (core), que é a fabricação de caminhões e chassis de ônibus, além do desenvolvimento de tecnologias e serviços do futuro.
Assembleia
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges, disse que soube das medidas na tarde de ontem, em reunião na sede da entidade com o presidente da Mercedes, Achim Puchert.
O dirigente sindical não quis dar detalhes da decisão, pois quer primeiro realizar assembleia com os trabalhadores, marcada para amanhã, às 14h.
A direção da montadora afirma que “fará todos os esforços possíveis para que se atinja uma solução negociada (com os trabalhadores e o sindicato), com transparência, respeito a todos os envolvidos e comprometimento com a sociedade.”
Ressalta ainda que investiu no País R$ 2,4 bilhões desde 2018 – plano que será concluído neste ano _, lançou as fábricas 4.0 de caminhões e chassis de ônibus e produtos de alta tecnologia e segurança. Um deles é o chassi de ônibus elétrico urbano eO500U.
ABC perde fábricas
Em menos de três anos, a cidade de São Bernardo do Campo, conhecida até pouco tempo como o maior polo automotivo do País, já perdeu as fábricas da Ford – que encerrou atividades no País – e da Toyota, que está transferindo suas operações locais para o interior de São Paulo, onde têm outras unidades.
No local onde funcionou a fábrica da Ford por 50 anos, está sendo construído um grande centro logístico. A Toyota vai terminar de transferir suas atividades para as unidades de carros em Sorocaba e Indaiatuba e de motores em Porto Feliz em 2023, e depois, deve negociar a venda do prédio onde funcionou por 60 anos.