A massa de rendimento mensal real domiciliar per capita – soma de toda a remuneração das famílias, do trabalho, de fontes formais e informais, incluindo apoios pagos pelo governo, como bolsas e aposentadoria – totalizou R$ 287,703 bilhões em 2021, R$ 19,150 bilhões a menos que os R$ 306,853 bilhões registrados em 2020, queda de 6,2%.
A despeito da melhora no mercado de trabalho, pesou a redução do alcance e valor do Auxílio Emergencial pago pelo governo aos mais vulneráveis. O porcentual de domicílios com alguém recebendo “Outros programas sociais”, categoria que inclui o auxílio emergencial, caiu de 23,7% em 2020 para 15,4% em 2021, enquanto a proporção de domicílios com beneficiários do Bolsa Família aumentou de 7,2% para 8,6%.
Na passagem de 2020 para 2021, todas as regiões viram encolher a massa de rendimento domiciliar per capita mensal, com destaque para o tombo de 12% registrado no Nordeste.
No total da população, os 10% com os menores rendimentos detinham apenas 0,7% da massa de renda em circulação na economia, enquanto que o grupo dos 10% mais ricos concentravam 42,7% do bolo.
“Além disso, cabe destacar que este último grupo possuía uma parcela da massa de rendimento maior que a dos 80% da população com os menores rendimentos (41,4%)”, apontou o IBGE.
O grupo dos 10% com maiores rendimentos abocanhou um pedaço maior da massa de rendimento domiciliar per capita na passagem de 2020 para 2021, 1,1 ponto porcentual a mais, enquanto que a fatia dos 10% mais pobres encolheu 0,2 ponto porcentual.
Em 2021, o rendimento médio mensal real domiciliar per capita do 1% mais rico da população era 38,4 vezes maior que o rendimento médio dos 50% que ganham menos.
Além disso, o número de pessoas sem nenhum tipo de renda cresceu no País no ano passado. A proporção de brasileiros com rendimento caiu de 61,0% em 2020 para 59,8% em 2021, o mesmo porcentual de 2012 e o mais baixo da série. Ou seja, no ano passado, 85,6 milhões de brasileiros não recebiam nenhum tipo de rendimento, nem salário, nem aposentadoria, pensão, programas de governo, aluguel nem doação – aí incluídos as crianças e os idosos que dependem da família.
“A população de pessoas com algum tipo de rendimento se reduziu em todo o País. Isso aconteceu em todas as regiões”, explicou Alessandra Brito, analista do IBGE. “Isso é muito explicado pelos outros rendimentos, que é onde está o auxílio emergencial”, completou.
A renda média mensal real de todas as fontes de quem possuía algum tipo de rendimento foi estimada em R$ 2.265 no ano passado, resultado mais baixo da série histórica, após quedas de 3,4% em 2020 e de 5,1% em 2021.
O rendimento médio mensal habitualmente recebido de todos os trabalhos foi de R$ 2.476 em 2021, queda de 6,1% ante 2020, “como possível resultado da expansão da informalidade na ocupação”, apontou o IBGE.
Quanto ao rendimento proveniente de outras fontes, a aposentadoria e pensão foi de R$ 1.959 em 2021, uma retração recorde de 5,3%, enquanto a pensão alimentícia, doação e mesada de não morador totalizavam, em média, R$ 667 mensais, valor 4,2% abaixo do estimado no ano anterior. Segundo o IBGE, houve influência da inflação nas perdas dessas duas modalidades.
Na categoria de “outros rendimentos”, que inclui o Auxílio Emergencial e demais programas de transferência de renda do governo, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC), que paga um salário mínimo para os idosos mais pobres, o valor recebido mensalmente era de R$ 512, em média, um tombo recorde de 30,1%, “o que pode ter relação com as mudanças ocorridas no benefício do auxílio emergencial no segundo ano da pandemia de covid-19”, apontou o IBGE.
Os rendimentos provenientes de aluguel e arrendamento tiveram valor médio de R$ 1.814, aumento de 3,7%.
Se considerado apenas o rendimento obtido do trabalho, apesar do aumento da população ocupada em 2,8 milhões de pessoas a mais trabalhando, a massa do rendimento mensal real de todos os trabalhos caiu 3,1%, passando de R$ 223,6 bilhões em 2020 para R$ 216,7 bilhões, em 2021.