O encontro foi divulgado nas redes sociais do ministro, que, em vídeo acompanhado de Musk, falou sobre a necessidade de conectar escolas rurais, além da oportunidade de controlar a preservação da Amazônia a partir do uso desses satélites. A Internet da Starlink, segundo informações da empresa, funciona enviando informações através do vácuo do espaço, onde se desloca mais rapidamente do que em cabos de fibra óptica, o que a torna mais acessível a mais pessoas e locais.
De acordo com a pasta comandada por Faria, a utilização dos satélites para a preservação da Amazônia se daria ainda via monitoramento de desmatamentos e incêndios legais. “Estamos trabalhando para fechar essa importante parceria entre o governo brasileiro e a empresa SpaceX. Queremos aliar a tecnologia desenvolvida por eles com o programa Wi-Fi Brasil do Ministério das Comunicações. O nosso objetivo é levar internet para área rurais e lugares remotos, além de ajudar no controle de incêndios e desmatamentos ilegais na floresta amazônica”, afirmou Faria, para quem os cerca de 4500 satélites, que orbitam em baixa altitude das empresas de Elon Musk, podem auxiliar nessas iniciativas.
A Starlink já entrou com um processo na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para obter licença e operar a tecnologia no Brasil, informou o Ministério das Comunicações. Ainda segundo a pasta, a outorga de landing rights (permissão para usar satélite em algum país) em baixa órbita não exige licitação, sendo um processo administrativo de coordenação realizado pela Anatel.
“Estamos ansiosos para fornecer conectividade para as pessoas no Brasil que têm dificuldade para se conectar, especialmente para escolas e unidades de saúde em áreas rurais”, afirmou Musk ao lado do ministro.
Segundo a companhia de Elon Musk, enquanto a maioria dos serviços de Internet por satélite atuais são possibilitados por satélites geoestacionários simples que orbitam o planeta a cerca de 35 mil km de altitude, a Starlink é uma constelação de vários satélites que orbitam o planeta a uma distância mais próxima da Terra, a cerca de 550 km.
Já que estão em baixa órbita, o tempo de envio e receção de dados entre o utilizador e o satélite – a latência – é muito menor do que com satélites em órbita geoestacionária, diz a empresa.
O assunto não é discutido apenas com a empresa de Elon Musk. Durante viagem à Escócia para participar da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima de 2021 (COP-26), Faria também se reuniu com representantes da OneWeb, empresa de satélites britânica. Após a reunião, o ministro afirmou que, mesmo havendo a previsão de levar internet à região amazônica com preservação do meio ambiente por meio cabos de fibra óptica subfluvial, as conexões satelitais ainda seriam “extremamente necessárias”.
“Preservar a Amazônia é uma prioridade do governo brasileiro e das políticas de comunicação, por mais que levemos redes ópticas por meio de cabos subfluviais a região, conexões satelitais ainda serão extremamente necessárias, por isso as nossas reuniões com OneWeb e SpaceX”, disse Faria.
A reportagem questionou o Ministério das Comunicações sobre o investimento previsto nas parcerias com as empresas, assim como a previsão de quando os negócios seriam fechados, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.