Segundo Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, tanto a queda de 4,5% na comparação com o trimestre móvel imediatamente anterior, encerrado em agosto de 2021, quanto o tombo de 11,4% ante igual período de 2020 são recordes na série histórica da Pnad Contínua, iniciada em 2012. O valor de R$ 2.444 é o menor já registrado na série de trimestres móveis encadeados.
Na avaliação de Adriana Beringuy, o “movimento inflacionário” permanece com impacto na queda do rendimento, ao mesmo tempo em que a retomada do mercado de trabalho, após ser atingido em cheio pela pandemia de covid-19, tem se dado com ocupações que pagam menos do que antes da crise.
No início dessa recuperação, ainda em 2020, a queda no rendimento vinha sendo marcada por um efeito composição. Como a geração de empregos vinha sendo puxada por vagas tidas como informais, que tradicionalmente pagam menos, o rendimento médio de todos os trabalhadores vinha caindo. No fim de 2021, porém, a geração de empregos formais ganhou força, pesando mais na expansão da ocupação.
“Até mesmo os trabalhadores com o carimbo da formalidade estão trabalhando com rendimentos mais baixos. A entrada ou participação maior de trabalhadores com carteira ainda não é suficiente para mudar o movimento de queda no rendimento”, afirmou Adriana.
Os dados da Pnad Contínua mostram isso. Embora a queda no rendimento real tenha sido maior (11,4% em um ano) na média geral dos trabalhadores, os ocupados com carteira assinada também experimentaram um tombo de 8,7% ante o trimestre móvel até novembro de 2020.
O rendimento médio dos empregados com carteira assinada ficou em R$ 2.343 ao mês, ligeiramente abaixo da média total, de R$ 2.444.