Nesta quarta-feira, o Ibovespa subiu 1,26%, aos 108.013,47 pontos, entre mínima de 106.668,94 e máxima de 108.601,77 pontos, com giro financeiro a R$ 29,3 bilhões e emendando o segundo ganho diário. Na semana, o índice sobe 1,02%, enquanto as perdas em Nova York variam entre 2,46% (Dow Jones) e 3,72% (Nasdaq) no mesmo intervalo. Com aproximação de nova temporada de balanços trimestrais, o mercado local, com um fim de ano marcado por vendas efetivadas por investidores domésticos, tanto os institucionais como pessoas físicas, para os estrangeiros, tenta voltar a olhar um pouco mais para os fundamentos, ante os descontos que se acumularam.
“O cenário macro falou mais alto do que o micro, nesse momento de aumento de juros e incerteza eleitoral”, diz Ygor Altero, head de Real Estate da XP, ao comentar prévias operacionais positivas para o setor de construção, com o segmento de baixa renda demonstrando “resiliência”, em alguns casos até com recorde de vendas, e o de médio e alto padrão com algumas prévias “tendendo mais para o neutro”, com parte dos nomes mostrando um pouco de dificuldade para fazer “crescer velocidade de vendas”. “Muita gente esperava queda de velocidade de vendas mais acentuada, no segmento de média e alta”, acrescenta.
Na ponta do Ibovespa nesta quarta-feira, destaque para o setor de varejo, com Americanas ON (+9,90%), Lojas Americanas (+9,41%) e Magazine Luiza (+7,13%), logo atrás de Locaweb (+12,65%), em retomada na sessão após ceder 10,61% na terça. Destaque também para recuperação da Unit de Banco Inter (+8,70%) e para avanço de Cyrela (+7,59%). No lado oposto, Embraer (-2,79%), Cogna (-2,22%), Azul (-1,33%), Yduqs (-1,32%) e Minerva (-1,30%). Entre as blue chips, Vale ON fechou nesta quarta em alta de 2,20%, com Petrobras em pausa na recuperação (ON -0,93%, na mínima do dia no fechamento; PN -0,47%) assim como boa parte das ações de grandes bancos (BB ON +0,88%, Unit do Santander +0,19%, Bradesco PN -1,26%, Itaú PN -0,68%).
O petróleo segue nos maiores níveis em sete anos, com o Brent alcançando nesta quarta a marca de US$ 89 e o WTI, de quase US$ 88 por barril, nas respectivas máximas do dia, o que contribui para reforçar as incertezas quanto à inflação global e à reação dos BCs nas maiores economias.
“Resta ver se toda essa volatilidade faz sentido pelo que está por vir, com muita coisa acontecendo em juros e commodities, desde ontem. É preciso ver o que é risco e o que é real”, diz Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos, chamando atenção para o avanço, na terça-feira, do yield americano de 10 anos a 1,87%, no maior nível em dois anos – nesta quarta, chegou a bater em 1,89%, mas se acomodou à faixa de 1,82% a 1,84%.
Mais cedo, os rendimentos do Tesouro americano subiam, mas “encontraram forte resistência no nível de 1,90% (para a T-note de 10 anos)”, observa em nota Edward Moya, analista da Oanda em Nova York. “Para que os rendimentos continuem a subir, Wall Street precisará da confirmação adicional do Fed de que 5 aumentos nas taxas de juros estão na mesa e que a redução do balanço patrimonial pode ter um escoamento de US$ 500 bilhões este ano”, acrescenta.
“A forte pressão inflacionária deve resultar em aumento de juros provavelmente no mundo todo. Na Europa, o rendimento de 10 anos dos títulos públicos da Alemanha ficou acima de zero pela primeira vez desde 2019. Inflação ainda é o tema do momento”, diz Helder Wakabayashi, analista da Toro Investimentos.
“A inflação segue no centro das atenções, e agora foi a vez do Reino Unido apresentar dado de inflação acima do esperado, fechando o ano de 2021 no maior nível dos últimos 30 anos. O mercado começa a projetar uma política monetária mais restritiva à frente, por parte do Banco Central do país”, aponta Antônio Sanches, especialista da Rico Investimentos.
Por outro lado, observa Sanches, “a China segue na contramão do mercado”, com o BC sinalizando estímulos à economia e à expansão do crédito, o que tem contribuído para a recuperação dos preços de commodities, como o minério de ferro.