Como o sr. avalia a situação fiscal do País?
A situação fiscal para o ano que vem é impagável. Na minha opinião, eu acho que foi por esse motivo que o Lula entrou em um entendimento com o pessoal do Plano Real. Pedro Malan e Armínio Fraga são pessoas que têm credibilidade e conhecimento para saber o que fazer do ponto de vista fiscal para o Brasil não ir para o brejo.
E como avalia a aproximação entre os economistas do Real e a campanha de Lula?
Esse pessoal do Plano Real tem credibilidade, e eles sentiram que tinham uma responsabilidade civil e consciência de que o País está indo para o brejo. São pessoas que estão indo de forma até patriótica. O Pedro Malan e o Armínio Fraga não precisam de salário nem mais de placa. Ao contrário. Estão fazendo esse movimento e aceitaram esse desafio sem uma contrapartida. É um ato de responsabilidade civil, de quem tem capacidade, competência e credibilidade adquirida com o Plano Real. São pessoas que eu assino embaixo e coloco a mão no fogo por elas. Eu acho que a sociedade deveria aplaudir essa ação. É uma coisa muito rara.
A campanha do Lula vai aceitar as sugestões, na sua avaliação?
Estou muito preocupado com a situação fiscal. Muito dessa situação foi gerada por causa por causa das eleições. Esse pessoal vai apresentar soluções construtivas de como financiar esse rombo da dívida pública gerada neste ano.
E quais podem ser as consequências se nada for feito?
Com essas taxas de juros subindo, só o financiamento (da dívida) vai para bilhões de reais. A relação dívida/PIB deve sair de 78% para 82,4% do PIB. É caótico. Isso afeta prêmio de risco do País, a confiança do investidor e dos agentes econômicos. Eu acho que eles vão conseguir o melhor possível para amenizar esse choque fiscal.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.