Na coletiva de imprensa sobre a Nota do Setor Externo, o chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, explicou que a redução deve-se principalmente aumento do juro global, especialmente nos Estados Unidos.
O Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) tem sido mais duro na política monetária de modo a combater a maior inflação em décadas no país. Segundo Rocha, a postura do Fed tem gerado dois efeitos sobre as reservas brasileiras: de variação de preços, devido à marcação a mercado dos títulos disponíveis no estoque de reservas, e de paridade, já que a valorização do dólar reduz a cotação das outras moedas que compõem as reservas.
Em 2022, esses dois efeitos contribuíram com uma redução de US$ 34,775 bilhões no nível das reservas. Já as intervenções do Banco Central no mercado de câmbio contribuíram negativamente com US$ 2,071 bilhões.
Apesar da queda relevante este ano, especialistas avaliam que a posição brasileira ainda é muito confortável. “Tem sido relevante a alta do Treasuries nos Estados Unidos para afetar o saldo das reservas brasileiras”, considerou Antonio Madeira, economista da MCM Consultores.
“A variação à primeira vista assusta, mas é uma posição confortável. O passivo externo do Brasil é baixo. Os compromissos da dívida externa soberana estão cobertos por aqui”, completou Madeira. Segundo a Nota do Setor Externo divulgada nesta segunda-feira, a dívida externa do governo geral estimada é de US$ 73,294 bilhões.
“Se fosse necessário, o BC ainda teria cerca de US$ 330 bilhões em reservas para investir. A dívida externa pública é pequena. É uma situação muito confortável”, concordou o estrategista-chefe da Renascença DTVM, Sérgio Goldenstein, ex-chefe do Departamento de Operações do Mercado Aberto do BC (Demab).