Nesse sentido, Powell afirmou que vê a possibilidade de evitar custos sociais do passado “muito altos” que a gestão de Paul Volcker e o Fed tiveram no passado de colocar em jogo para baixar a inflação e a preparação para um longo período de estabilidade de preços.
De acordo com Powell, o objetivo no simpósio de Jackson Hole foi fazer um discurso focado em inflação, mais direto e mais curto. “A mensagem realmente era de que o Fed tem uma responsabilidade de inflação de 2% ao longo do tempo”, afirmou.
O presidente do Fed alertou que, quanto mais tempo a inflação ficar acima da meta, maior será o risco de que preços elevados se tornem o novo normal na maior economia do mundo, tornando-se mais caro trazê-los para baixo.
“A história adverte fortemente contra o afrouxamento prematuro da política monetária”, emendou Powell, acrescentando que, atualmente, as expectativas de inflação estão bem ancoradas no longo prazo.
Monitoramento das expectativas de inflação
O presidente do Federal Reserve fez um alerta quanto à necessidade de se monitorar as expectativas de inflação apesar de acreditar que elas estão bem ancoradas no longo prazo. Isso porque se as mesmas sobem, explicou, podem tornar o trabalho de controle dos elevados preços nos Estados Unidos mais difícil. “As expectativas de inflação são realmente importantes e precisam ser cuidadosamente monitoradas, porque se elas subirem, elas podem tornar o trabalho de volta à estabilidade de preços muito mais difícil”, afirmou, ao comentar sobre lições aprendidas em sua gestão no Fed e que também foram mencionadas em seu discurso, em Jackson Hole.
Powell destacou ainda que a alta inflação não é apenas um problema americano e que a principal questão no cenário atual é se os preços vão assumir um patamar estruturalmente mais alto. “Em todo o mundo, muitas nações estão experimentando a primeira alta da inflação em 40 anos”, disse, enfatizando que a escalada dos preços é um problema global. “E a questão realmente é: isso será algo temporário que está realmente relacionado à pandemia de alguma forma? Ou há realmente algo mais estrutural e persistente acontecendo?”, emendou Powell.
De acordo com ele, ainda não é possível saber se o mundo caminha para uma estrada de choques de ofertas maiores e mais frequentes, por diferentes motivos, mas que isso traria implicações “críticas e difíceis” para a condução das políticas econômica e monetária.
“A questão é que estamos sempre fazendo política monetária sob alta incerteza sobre a estrutura da economia e o caminho à frente, o que torna nosso trabalho desafiador”, concluiu Powell.