O gigante francês Casino, que controla o GPA, busca a venda do negócio até 2024, mesmo ano em que termina o plano de expansão anunciado agora. Segundo fontes de mercado, trata-se da ideia de “embelezar a noiva” para que ela se torne mais atraente no mercado. O Casino passa por dificuldades lá fora e tem interesse em fazer caixa para sua matriz com vendas de ativos.
Segundo apurou o Estadão/Broadcast, Abilio teria interesse nos ativos, enquanto fontes de mercado dizem que o Casino quer esperar justamente para concluir essa fase de expansão e conseguir um preço melhor mais adiante. Outra questão a ser resolvida é como fica a participação do empresário no Carrefour Brasil, no qual é sócio minoritário, mas relevante. Além de concorrente do GPA no Brasil, o Carrefour também é grande rival do Casino na França.
Ritmo gradual
No fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o GPA informou que planeja a inauguração de 300 lojas até 2024, sendo 75 lojas neste ano, com progressão gradual no ritmo de aberturas nos próximos anos.
Do que está previsto ainda para 2022, 24 serão conversões do antigo Extra Híper (bandeira de hipermercados que foi desativada no ano passado), 6 Pão de Açúcar tradicionais e 45 lojas de proximidade, chamadas de Minuto. Para 2023, estão previstas 100 novas lojas, enquanto o maior número de aberturas está planejado para 2024: 125.
No total, 250 lojas terão o formato de proximidade, ou seja, unidades de bairro. O anúncio é feito em um ano marcado pela forte expansão da mexicana Oxxo em São Paulo, que utiliza a estratégia de ampla presença nos bairros. O Carrefour – líder em varejo de alimentos no Brasil – também tem investido nesse formato de menor porte, cuja instalação também é mais barata, em grandes cidades.
Nova estrutura
O anúncio do GPA veio também na mesma semana em que a empresa anunciou o desmembramento da rede Éxito da estrutura do grupo brasileiro. A aposta, segundo fontes de mercado, é de que a rede baseada na Colômbia seja vendida antes do Pão de Açúcar.
As ações da Éxito, que também tem lojas no Uruguai e na Argentina, serão distribuídas aos acionistas do grupo brasileiro, que permanecerá com apenas 13% do negócio dentro de sua estrutura (atualmente, detém 96% desse negócio). Esse seria um dos passos para efetivar a venda do negócio.
A estratégia de ampliar investimentos na bandeira Pão de Açúcar vem depois de a companhia ter sofrido críticas por ter deixado sua principal bandeira em segundo plano – com fontes de varejo afirmando que o negócio se tornou um “patinho feio” dentro do grupo que leva seu nome.
Essa impressão se justifica, neste momento, porque os esforços do Casino se voltaram para a rede de atacarejos Assaí, que deixou de fazer parte do GPA em 2021 justamente para ganhar valor de mercado.
Embora algumas unidades do antigo Extra Híper devam agora ser transformadas em Pão de Açúcar, a maioria dos pontos foi parar nas mãos do Assaí, que tem rentabilidade muito maior diante da popularidade do formato atacarejo. O Assaí inaugurou recentemente as primeiras lojas “transformadas” do Extra com mudanças visando atrair a alta renda, entre elas uma seção de vinhos.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.