A produção industrial cresceu 0,3% em março ante fevereiro, após uma expansão de 0,7% no mês anterior, acumulando no período um avanço de 1%. Em janeiro ante dezembro, porém, houve recuo de 2,0%, mostraram os dados da Pesquisa Industrial Mensal.
“Ainda temos setores industriais, plantas industriais, sentindo efeitos de desabastecimento de matérias-primas e insumos industriais”, lembrou André Macedo, acrescentando ainda que o setor produtivo também é afetado pelo encarecimento dos custos de produção.
Pelo lado da demanda doméstica, ele menciona que a inflação pressionada permanece reduzindo o poder de compra das famílias, os juros em elevação seguem encarecendo o crédito e o mercado de trabalho, que mostra algum grau de melhora, ainda tem um contingente elevado de trabalhadores sem emprego, enquanto a massa de rendimento se mantém sem avanços.
“Embora tenha mudança de comportamento, o saldo negativo permanece na indústria”, disse ele. “Tenho maior frequência de resultados positivos. Nos últimos cinco meses são quatro taxas positivas, apenas uma negativa. Mas o saldo ainda é negativo”, afirmou.
O pesquisador aponta que o patamar de produção atual é semelhante ao de janeiro e fevereiro de 2009. “Isso ainda está longe de se traduzir numa reversão de todos aqueles saldos negativos que o setor industrial mostrou nos últimos tempos”, explicou Macedo. “A indústria ainda 2,1% abaixo do patamar pré-pandemia dá dimensão de tudo que ainda tem para recuperar”, acrescentou.
Segundo Macedo, houve melhora em alguns segmentos de bens de capital e de bens intermediários, relacionados à produção de caminhões, ao setor extrativo (tanto minério de ferro quanto petróleo e gás), a outros produtos químicos, minerais não metálicos e metalurgia, entre outros. “Alguma parte relacionada a commodities, parte da construção, alguma parcela do setor de alimentos voltada às exportações”, enumerou o pesquisador do IBGE.
Por outro lado, a fabricação de bens de consumo segue prejudicada por uma demanda doméstica reprimida, além de restrição de oferta de insumos, contou.
Entre as categorias de uso, a produção de bens de capital está 16,1% acima do nível de fevereiro de 2020, e a fabricação de bens intermediários está 1,9% acima do pré-covid. Os bens duráveis estão 23,1% abaixo do pré-pandemia, e os bens semiduráveis e não duráveis estão 8,5% aquém do patamar de fevereiro de 2020.