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Para IBGE, varejo mostra estabilidade num momento de baixa

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Estadão Conteúdos

Afetado pela inflação de alimentos, alta inadimplência e crédito caro, o varejo manteve em agosto a trajetória negativa nas vendas, se estabilizando em patamar baixo, apontou Cristiano Santos, gerente da Pesquisa Mensal de Comércio, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Temos três meses em que não há crescimento no comércio varejista brasileiro como um todo”, disse Santos. “É estabilidade em um momento de baixa.”

O volume vendido pelo comércio varejista caiu 0,1% em agosto ante julho, com recuos em três das oito atividades: Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-1,4%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-1,2%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-0,3%). Houve avanços em Tecidos, vestuário e calçados (13,0%), Combustíveis e lubrificantes (3,6%), Livros, jornais, revistas e papelaria (2,1%), Móveis e eletrodomésticos (1,0%) e Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,2%).

No comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, as vendas caíram 0,6% em agosto ante julho. O segmento de Veículos, motos, partes e peças registrou alta de 4,8%, enquanto Material de construção caiu 0,8%.

A queda no preço dos combustíveis em julho e agosto aumentou o volume vendido pelo setor no varejo. A receita nominal da atividade de combustíveis e lubrificantes tinha recuado 4,2% em julho ante junho, seguida de nova queda de 4,5% em agosto. Quando descontada a queda nos preços dos combustíveis, via deflator da pesquisa, esse desempenho se transformou em uma alta de 12,6% em julho no volume vendido e avanço de 3,6% em agosto.

O corte no preço dos combustíveis também impulsionou o resultado do varejo como um todo via deflator, já que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), também apurado pelo IBGE. registrou dois meses de recuos. A receita nominal do varejo restrito caiu 1,6% em julho, seguido de queda de 0,3% em agosto, resultado que se transformou, em volume, em -0,5% em julho e -0,1% em agosto.

Se por um lado a inflação deu trégua nos combustíveis, o aumento de preços dos alimentos ainda pressiona os supermercados, apontou Cristiano Santos.

“Ela (inflação) ainda contribui ainda no sentido de reduzir o poder de compra, o orçamento disponível das pessoas para o consumo”, complementou.

A inadimplência também continua em crescimento, e os juros em alta detêm a expansão do crédito, formando um conjunto de fatores que mantém o varejo “andando de lado” em agosto, explicou Santos.

“São fatores que se mostram nesse momento que alguns fundamentos da economia estão influenciando para uma redução desse consumo em volume”, justificou.

Pelo lado positivo, ele menciona que houve elevação na massa de rendimento do trabalho em circulação na economia. O aumento no valor pago pelo governo no Auxílio Brasil também pode ter ajudado em agosto o desempenho dos supermercados, confirmou Santos.

“Isso pode ter ajudado, sim. Não temos um acompanhamento claro do que foi injetado na economia e a distribuição do que foi injetado desse recurso extra”, contou Santos. “Esses são alguns dos vetores que fazem esse contrabalanço nessa trajetória de pouco dinamismo da economia frente ao comércio varejista”, disse.