Na avaliação de Maues, houve uma “mudança muito grande” na situação da categoria entre 2018 – ano da greve nacional que parou o País – e a atual, principalmente pela abertura de diálogo com o governo, sendo recebida como entidade de transportes, e pela criação de leis de amparo à categoria. “Naquela ocasião, houve também adesão das transportadoras, das empresas de ônibus e do agronegócio”, destacou o assessor executivo da CNTA.
De acordo com Maues, observa-se hoje uma paralisação “técnica”, ou seja, o transportador autônomo para de trabalhar por não ter condições de arcar com custo de combustível. “Enquanto outros atores ainda têm margem, caminhoneiro coloca caminhão na frente de sua casa por não ter mais condição de abastecer, por causa de aumentos sucessivos do diesel”, disse. “A paralisação é como um grito de socorro, dizendo: sou escravo sobre rodas e não tenho mais condição de exercer meu trabalho. Mas não deve ser conduzida por ‘pseudos’ líderes que se tornam até folclóricos”, afirmou.
Segundo ele, a categoria mostra desconhecer as lideranças que se apresentam como seus representantes. Maues também questionou possíveis interesses eleitorais de alguns líderes.
Sobre os valores elevados do diesel, Maues afirmou que entre o aumento anunciado pela Petrobras na refinaria leva-se no mínimo 10 dias para ser efetivo no mercado e reajustado a tabela para o caminhoneiro, em virtude da metodologia de cálculo do piso mínimo do frete. “O diesel é a matéria-prima do trabalho dos caminhoneiros. Ele é polemizado com aumentos sucessivos, mas deve ser encarado como elemento de formação do custo do frete dos caminhoneiros. A questão é que ao tentar renegociar o frete com intermediário, caminhoneiro não está conseguindo repassar o valor do diesel reajustado ao frete até mesmo por excesso de oferta de mão de obra. Se ele não aceitar o valor, haverá outros para fazer o frete”, explicou Maues.
A CNTA congrega 850 mil caminhoneiros, por meio de 120 sindicatos, e é considerada a entidade legal de representação dos interesses da categoria. Segundo a entidade, 65% das cargas transportados por rodovias no Brasil passam direta ou indiretamente pelos autônomos.