Neste ano, o esperado é que os minoritários repitam a estratégia adotada na última eleição, em 2021, de tentar ampliar o número de representantes no conselho, segundo fontes que acompanham de perto o processo. O conselho de administração da Petrobras é composto por 11 membros, atualmente. Esse é o limite de vagas previsto no estatuto social, mas, em 2021, os minoritários se valeram de uma brecha legal para tentar elevar o número de assentos para 13. O mesmo está sendo planejado para abril.
Um dos candidatos mais prováveis é o banqueiro José João Abdalla Filho, conhecido como Juca Abdalla. Ele é presidente e controlador do Banco Clássico e o maior acionista privado da Petrobras. As articulações entre os pequenos investidores só devem ganhar força no mês que vem.
A brecha do estatuto da Petrobras que possibilita a ampliação do número de assentos é a que determina que os indicados pela União devem ser maioria no conselho. Isso significa que o governo tem que emplacar um nome a mais que o somatório dos números de representantes dos acionistas minoritários (dois – um preferencialista e um ordinarista), do representante dos empregados, mais quantos os minoritários conseguirem eleger na assembleia.
No ano passado, os pequenos acionistas tentaram emplacar três cadeiras, o que elevaria o total de membros do colegiado a 13 (5 dos minoritários, um dos empregados e sete da União). O mesmo deve ocorrer neste ano, segundo fontes.
Fim de mandato
Em abril, será encerrado o mandato da representante dos empregados, Rosangela Buzanelli, e dos dois representantes independentes dos minoritários – Marcelo Mesquita e Rodrigo Pereira. A única que já se candidatou à reeleição foi Buzanelli. Os funcionários têm até o dia 30 para definir a vaga. Ela concorre com outros 11 candidatos. Os nomes só serão conhecidos um mês antes da assembleia, em março, quando será divulgado o manual da assembleia.
A expectativa é de que Buzanelli ganhe, porque ela está sendo apoiada por todas as entidades sindicais. Indicada pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) em 2020 e neste ano, ela agora tem o apoio também da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet) e da Associação dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobras (Anapetro).
A FUP, a FNP e a Aepet costumam apresentar candidatos próprios. Mas, dessa vez, se unirão para eleger um nome que se posicione contra a venda de ativos isolados e a privatização de toda estatal.
O movimento é contrário ao dos minoritários. Essa tentativa de conquistar voz no conselho ganhou relevância após os ataques do presidente da República, Jair Bolsonaro, à gestão da empresa. Bolsonaro critica a política de reajuste dos preços dos combustíveis adotada desde 2016, que atrela os preços internos de refinaria ao dólar e à cotação do petróleo no mercado internacional. Essa política tem contribuído para encarecer a gasolina e o óleo diesel e, com isso, contrariar a base eleitoral de Bolsonaro, principalmente os caminhoneiros.
Além de Buzanelli, todo atual conselho é candidato à reeleição, já que o estatuto da empresa prevê a ampliação dos mandatos por até três vezes. No ano passado foram eleitos oito membros – o presidente da companhia, Joaquim Silva e Luna; o presidente do conselho, Eduardo Bacellar; Cynthia Silveira; Márcio Weber; Murilo Marroquim; Ruy Schneider; Sonia Villalobos; e Marcelo Gasparino.