Ontem, dia de queda da Bolsa de Frankfurt, o papel da Porsche, montadora que pertence à gigante alemã Volkswagen, chegou a subir mais de 3%, para fechar estável.
O mercado de IPOs passa por uma escassez de ofertas, no Brasil e no mundo, em decorrência do aumento dos juros pelos bancos centrais para conter a disparada da inflação e das incertezas geopolíticas com a guerra na Ucrânia. Na Europa e nos Estados Unidos, maior palco de IPOs do mundo, este vem sendo o pior ano para captações via ações desde a crise financeira global ocorrida em 2008.
Enquanto a atividade de IPOs atingiu seu nível mais baixo em 20 anos nas Américas, a Ásia sediou cinco dos dez principais IPOs globais neste ano.
Mesmo nesse ambiente adverso, a Porsche alcançou o IPO no topo da faixa sinalizada aos investidores, com a ação saindo a 82,50 (cerca de R$ 435). “A Porsche terá um valor de mercado na faixa de 75 bilhões após o seu IPO. Isso quase iguala o valor de mercado da Volkswagen, de cerca de 83 bilhões (R$ 438 bilhões)”, diz a Swissquote Research, em comentário a clientes. O maior IPO na Europa nos últimos anos foi o da suíça Glencore, que em 2011 levantou US$ 10 bilhões (R$ 54 bilhões).
A oferta, coordenada por Bank of America, Citigroup, Goldman Sachs e JPMorgan, atraiu interesse de grandes investidores como os fundos soberanos do Catar e da Noruega. Foi a segunda maior listagem da história da Alemanha, só perdendo para a Deutsche Telekom, em 1996.
A Swissquote Research destaca que a Porsche conseguiu emplacar seu IPO mesmo em meio a um mercado sem brilho para ofertas de ações, citando como justificativas para o interesse dos investidores o prêmio pago pela companhia, de 7,5% em relação ao preço preferencial do IPO, bem como sua estrutura de dívida.
Dividendo especial
Com o sucesso do IPO da Porsche, a Volkswagen anunciou o pagamento futuro de um dividendo especial de 49% de sua receita bruta. A recompensa aos acionistas é positiva, segundo a Morningstar, uma das grandes casas de análises dos EUA.
Também é visto como positivo o destino do restante dos recursos do IPO, que será aportado na transição para veículos elétricos a bateria, nos quais a empresa planeja investir mais de 50 bilhões (R$ 265 bilhões) em cinco anos.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.