Powell afirmou nesta quarta-feira, 4, que não há nada que sugere, neste momento, que a maior economia do mundo enfrentará uma recessão este ano. “Muitas previsões apontam que economia dos EUA pode crescer acima de 2% em 2022”, reforçou.
Por isso, a coisa mais fundamental para o Fed é impedir que a alta inflação atual, “muito insatisfatória”, se enraíze, segundo o banqueiro-central. Em busca deste objetivo, o Fed pode até elevar o juro básico a uma taxa acima de neutra, disse.
Powell ressaltou, por exemplo, o risco que o desequilíbrio entre demanda e oferta no mercado de trabalho impõe sobre a perspectiva de preços. Segundo, toda a população americana ficará melhor se a inflação for reduzida o mais cedo possível.
Caminho desafiador
O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, prevê que o caminho para controlar a inflação nos Estados Unidos será “desafiador” por conta de “inúmeros choques históricos” recentes, como as respostas monetária e fiscal à pandemia de covid-19, guerra na Ucrânia e os novos lockdowns na China.
Antecipando um cenário complicado, o Fed pode adotar uma política monetária restritiva, afirmou o banqueiro-central. A estratégia do Fed é usar a taxa de juros como principal instrumento para o aperto das condições financeiras, com a redução do balanço de ativos em um segundo plano de importância. De acordo com Powell, é “difícil” estimar qual o ritmo adequado da redução – na decisão monetária de hoje, o BC definiu apenas os limites mensais da redução.
Segundo ele, a guerra na Ucrânia, bem como a situação da pandemia na China, podem elevar as pressões inflacionárias. O impacto do conflito no Leste Europeu sobre a economia dos EUA segue incerto, de acordo com Powell.
Entre os desafios internos, Powell destacou o mercado de trabalho desequilibrado, com salários subindo mais que o desejado, e a demanda superior à oferta. Encontrar o equilíbrio nestes dois quesitos é o que trará a inflação à meta de 2% ao ano, segundo ele.
Credibilidade
Não há um problema de credibilidade em relação à percepção pública do Federal Reserve (Fed) e os mercados acreditam que o forward guidance da entidade é crível, segundo avaliou Powell.
O Fed olha para uma série de indicadores para ajustar sua política monetária, incluindo ações, e o foco da entidade é a perspectiva para o médio e longo prazos, ressaltou Powell, em coletiva de imprensa após decisão monetária.
Novas altas
Powell afirmou que “há ampla avaliação” entre os dirigentes do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) de que novos aumentos de 50 pontos-base à taxa básica de juro “está na mesa” para as próximas reuniões do BC americano.
Ele ainda acrescentou que subir o juro em 75 pontos-base não é algo que o Fomc está “ativamente considerando” por enquanto. Segundo ele, com as ações planejadas pelo Fed, a inflação deve baixar e a economia ter um “pouso suave”.
“Faremos todo o possível para cumprir os nossos dois mandatos”, ressaltou Powell, que ainda prometeu reação rápida a dados econômicos e mudanças de cenários.
Além da taxa básica de juro, a redução do balanço de ativos, que começará em junho, também será um instrumento importante para a condução da política monetária, disse o banqueiro central.
Juros neutros
Powell disse que não uma “linha clara” sobre quando o BC americano atingirá uma taxa neutra de juros, embora atingi-la rapidamente seja necessário em um ambiente de alta e ampla inflação.
O Fed continuará a subir a taxa dos Fed funds e observará como as condições monetários se apresentam, afirmou o dirigente, em coletiva de imprensa após a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês).
Segundo Powell, o Fed não está confortável com o cenário inflacionário atual e quer observar as pressões sob controle e diminuindo. Por enquanto, não há evidência de que as expectativas de preços estejam se movendo, e o BC não pode permitir uma espiral inflacionária, disse.
Há, porém, limites à atuação do Fed, cujos instrumentos não afetam os preços de commodities que impactam a inflação, ressaltou o presidente do BC dos EUA. O excesso de demanda no país – incluindo no emprego – por outro lado, pode ser controlado pela entidade monetária, completou.