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Presidente da Acrefi estima que volume de crédito deve crescer de 9% a 11% em 2022

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Estadão Conteúdos

Mesmo com todas as complicações nas economias internacional e doméstica – agora agravadas pelo conflito entre Rússia e Ucrânia e um cenário eleitoral local que promete ser tumultuado -, a Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi) prevê crescimento de 9% a 11% no volume de crédito este ano. “O mercado de modo geral, em termos de crédito e captação, está operando dentro da normalidade. O conflito internacional até agora não trouxe, do ponto de vista prático, nenhuma mudança no quadro interno”, disse aoBroadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o presidente da Acrefi, Luiz Eduardo Costa Carvalho.

De acordo com o executivo, o setor que poderá ser prejudicado pelo conflito é o agrícola em função da dependência do Brasil das importações de fertilizantes da Rússia. Isso, na avaliação de Costa Carvalho, repercutirá na formação dos preços, elevando a inflação e a taxa básica de juros. No entanto, segundo o principal executivo da Acrefi, o mercado já precificou a inflação e a crescente taxa de juro nos seus cenários.

Economista-chefe da entidade, Nicola Tingas acrescenta que a previsão de crescimento do crédito este ano considera uma projeção de inflação de 6% em 2022.

Tanto o economista quanto o presidente da Acrefi usam como variáveis propulsoras do crescimento esperado a rolagem das carteiras, concessões de novas com menor intensidade e gastos públicos de campanha eleitoral nos segundo e terceiro trimestres. Além disso, consideram também as declarações mais recentes do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que renovará as linhas de crédito com garantia parcial semelhantes às linhas 2020, como Pronampe o outras.

Para Costa Carvalho, a alta da taxa de juro pelo Banco Central, realidade à qual o mercado já teria se adaptado, é até positiva para a captação de recursos. “Atrai recursos, atrai novos investidores e, principalmente, recursos de origem externa. O mercado brasileiro voltou a oferecer condições de taxa de juros bastante atraentes para investidores externos. Então o mercado está respondendo bem a esse quadro de aumento de juros”, disse o otimista presidente da Acrefi.

Perguntado se o quadro eleitoral, cujos prenúncios são de muita polarização entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não oferece riscos às projeções da Acrefi, Costa Carvalho diz que esse cenário não traz nada de novo. Para ele, um fator novo seria o surgimento de um candidato de terceira via que possa desequilibrar o jogo.

Como ele diz achar muito difícil o surgimento de uma liderança política que altere o quadro de polarização entre Bolsonaro e Lula, o que será visto é a reprise de um filme já visto.

Setores

Os que mais deverão contribuir para o aumento do crédito em 2022, segundo o presidente da Acrefi, são os setores que mais foram afetados durante a pandemia: serviços e turismo. “Estes dois setores já estão com sinais bastante positivos de recuperação. Quando olhamos os índices de ocupação dos hotéis do Rio no carnaval, vemos claramente sinais positivos. E como adiaram os desfiles das escolas de samba, os hotéis do Rio de Janeiro tenderão a ter em abril níveis elevados de ocupação. Isso para a economia de modo geral é positivo”, previu o presidente da Acrefi.

Um outro fator, que para quase todo mundo é praticamente inexequível em um ano eleitoral, mas que Costa Carvalho ainda acha possível acontecer e estimular o crédito – a médio prazo – é a privatização da Eletrobrás. Para ele, o assunto ainda permanece na pauta e pode contribuir para atrair investimentos estrangeiros em infraestrutura.

“O processo retomada de privatização é positivo e pode ser algo oportuno até de se enfatizar porque possivelmente vai ter mais disposição de estrangeiro de investir em zonas menos sujeitas a conflitos, como o Brasil, por exemplo”, disse Costa Carvalho.