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Presidente do Fed diz que foco agora é levar inflação a 2% nos EUA

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Estadão Conteúdos

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, afirmou nesta sexta-feira, 26, que o foco da autoridade monetária é trazer a inflação para a meta de 2% ao ano e que a tarefa de restaurar a estabilidade dos preços nos Estados Unidos ainda levará “algum tempo”. De acordo com ele, isso acarretará em um período de baixo crescimento para a maior economia do mundo e trará “alguma dor” para famílias norte-americanas e empresas.

“A inflação está bem acima de 2% e continuou a se espalhar pela economia, enquanto as leituras de inflação mais baixas para julho são certamente bem-vindas”, afirmou Powell, durante discurso, no Simpósio de Jackson Hole, evento, que reúne a nata dos banqueiros centrais. “Uma melhora de um único mês fica muito aquém do que o Comitê precisará ver antes de estarmos confiantes de que a inflação está caindo”, emendou.

Powell, que falou por cerca de dez minutos no Simpósio, abriu seu discurso dizendo que suas observações seriam “mais curtas”. “Meu foco se estreita na minha mensagem de que estamos direcionando o foco abrangente do Comitê Federal de Mercado Aberto agora para trazer a inflação de volta a 2%”, disse. “Sem estabilidade de preços na economia não funciona para ninguém em particular, sem estabilidade de preços não alcançaremos um período sustentado de condições de mercado de trabalho fortes”, acrescentou.

Dependência dos dados de setembro

O presidente do Federal Reserve afirmou que outras elevações de juros serão apropriadas para controlar a escalada de preços nos Estados Unidos, após a alta de 75 pontos-base na reunião de julho. O ritmo do aperto monetário no encontro de setembro, porém, dependerá da “totalidade de dados” e da “evolução das perspectivas” da economia dos Estados Unidos, explicou.

“O aumento de julho no intervalo da meta foi o segundo aumento de 75 pontos-base em tantas reuniões, e eu disse então que outro aumento incomumente grande poderia ser apropriado em nossa próxima reunião”, disse Powell. “Nossa decisão na reunião de setembro dependerá da totalidade dos dados recebidos e da evolução das perspectivas”, acrescentou o presidente do BC dos EUA, lembrando que falta cerca da metade do período entre as reuniões de política monetária do Fed.

De acordo com ele, em algum momento, à medida que a postura da política monetária se tornar ainda mais restritiva, provavelmente será apropriado desacelerar o ritmo dos aumentos dos Fed Funds, que são os juros básicos dos EUA. “A restauração da estabilidade de preços provavelmente exigirá a manutenção de uma postura política restritiva por algum tempo”, avaliou, acrescentando que o “registro histórico adverte fortemente contra o afrouxamento prematuro da política”.

Compromisso ‘incondicional’ com estabilidade dos preços

Powell afirmou ainda que o compromisso com a estabilidade de preços nos EUA é “incondicional”. Apesar de destacar que a disparada na inflação reflete um cenário de demanda elevada e oferta restrita, disse que nada atenua a responsabilidade da autoridade de alcançar a estabilidade de preços.

“Há claramente um trabalho a ser feito na moderação da demanda para um melhor alinhamento com a oferta. Estamos empenhados em fazer esse trabalho”, disse o presidente do Fed.

Segundo ele, quanto mais tempo a atual crise de inflação alta continuar nos Estados Unidos, maior a chance de que as expectativas de inflação mais alta se consolidem no país. “A história mostra que os custos no emprego para reduzir a inflação provavelmente aumentarão com atraso, à medida que a inflação alta se tornar mais enraizada nos salários e preços”, destacou.

Powell também enfatizou as medidas da autoridade monetária para conter a demanda na maior economia do mundo. “Estamos tomando medidas fortes e rápidas para moderar a demanda para que ela se alinhe melhor com a oferta e para manter as expectativas de inflação ancoradas”, afirmou. “Continuaremos assim até termos certeza de que o trabalho está feito”, concluiu, durante fala no simpósio de banqueiros centrais.