“Não houve predomínio de taxas negativas entre as atividades em setembro. É uma sinalização melhor”, disse André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE. “Mas permanece a leitura geral de um setor industrial que vem marcando quedas em cima de quedas, aprofundando um resultado negativo frente ao pré-pandemia”, completou.
As principais influências negativas em setembro ante agosto foram de produtos alimentícios (-1,3%) e metalurgia (-2,5%). Outros efeitos negativos relevantes vieram de couro, artigos para viagem e calçados (-5,5%), outros equipamentos de transporte (-7,6%), bebidas (-1,7%), indústrias extrativas (-0,3%), móveis (-3,7%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-1,7%).
A produção de alimentos foi prejudicada pela menor produção de açúcar, devido a prejuízos na safra de cana-de-açúcar provocados por problemas climáticos, e pelo embargo da China à carne brasileira, justificou Macedo.
Ao contrário do que ocorreu em meses anteriores, a fabricação e veículos cresceu 0,2% em setembro, apesar dos empecilhos relacionados ao acesso a componentes para a produção de automóveis.
Embora tenha registrado desempenho positivo em setembro, o segmento de veículos ainda está 22,6% abaixo do patamar de produção de dezembro de 2020, apontou Macedo. Nos nove primeiros meses de 2021, os veículos registraram alta na produção apenas em abril (1,2%) e setembro (0,2%).
Entre as 14 atividades industriais com expansão em setembro ante agosto, os destaques foram produtos farmoquímicos e farmacêuticos (6,5%), outros produtos químicos (2,3%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,0%) e máquinas e equipamentos (1,9%). Os aumentos também foram relevantes em celulose, papel e produtos de papel (1,2%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (1,7%) e produtos do fumo (6,6%).
Comparação interanual
A redução de 3,9% na produção industrial em setembro de 2021 ante setembro de 2020 foi decorrente de perdas em 18 dos 26 ramos industriais investigados na Pesquisa Industrial Mensal, divulgada pelo IBGE.
Segundo André Macedo, a queda foi mais acentuada que a de agosto (-0,7%) porque a base de comparação está mais elevada, ao mesmo tempo em que a indústria mantém a trajetória de perda de ritmo na produção.
Entre as atividades, as principais influências negativas em setembro foram produtos alimentícios (-11,9%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-7,9%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-4,6%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-18,7%). Houve perdas relevantes também em couro, artigos para viagem e calçados (-16,0%), bebidas (-7,1%), produtos de borracha e de material plástico (-7,7%), móveis (-21,0%), produtos de metal (-5,7%), outros produtos químicos (-2,9%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-6,8%), produtos têxteis (-8,6%) e produtos do fumo (-27,1%).
Na direção oposta, as maiores contribuições positivas foram de máquinas e equipamentos (14,5%), metalurgia (10,0%) e indústrias extrativas (3,2%). O ramo de impressão e reprodução de gravações teve um resultado expressivo de 61,5%.
O índice de difusão, que mostra a proporção de produtos com avanço na produção em relação ao mesmo mês do ano anterior, caiu de 53,0% em agosto para 43,5% em setembro, interrompendo uma sequência de 12 meses seguidos acima dos 50%.
“A entrada do mês de setembro interrompe essa sequência. A gente tem neste mês um número maior de produtos com resultados negativos”, apontou André Macedo.