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Reajuste médio no setor privado fica em 6,5% e perde para a inflação

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Estadão Conteúdos

O salário recebido pelo trabalhador com carteira assinada no setor privado perdeu feio para a inflação em 2021, um movimento que deve continuar neste ano, diante do elevado desemprego e da perspectiva de baixo crescimento da economia brasileira.

Entre janeiro e novembro passado, o reajuste médio obtido pelos trabalhadores por meio de negociações coletivas foi de 6,5%, segundo o “Salariômetro” da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), que acompanha os resultados reunidos pelo Ministério da Economia. Esse reajuste foi insuficiente para cobrir a inflação média acumulada em 12 meses que, no mesmo período, atingiu 8,4%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).

No ano passado, 51% das negociações salariais fechadas até novembro ficaram aquém da inflação, 30% empataram e 19% superaram o custo de vida. “Foi um ano muito ruim”, afirma o professor sênior da FEA/USP e coordenador do “Salariômetro”, Hélio Zylberstjan.

O economista explica que o reajuste abaixo da inflação é resultado de uma combinação de inflação alta com recessão. “Quando existe uma desocupação muito grande, os sindicatos não têm poder de barganha nas negociações, é o pior cenário para os trabalhadores.”

Bruno Imaizumi, economista da LCA Consultores, observa que está havendo uma retomada da ocupação, mas sem a recomposição da renda perdida. “Neste momento de crise, as pessoas estão aceitando salários até menores do que recebiam antes da pandemia muito por conta da inflação, num mercado de trabalho onde a ociosidade elevada reduz o poder de barganha do trabalhador.” Além disso, a retomada da ocupação está ocorrendo com mais força na informalidade.

Setores

Afetado pela paralisação provocada pela pandemia, as negociações no setor de serviços, com destaque para turismo e hospitalidade, são as que encontraram maiores dificuldades no ano passado para repor as perdas provocadas pela inflação.

De 18 negociações salariais fechadas em novembro envolvendo bares, restaurantes, hotéis, similares e diversão e turismo, o reajuste mediano ficou 3,7% abaixo da inflação. No caso de lavanderias e tinturarias, por exemplo, essa defasagem foi ainda maior, de 4,1%. Até mesmo os 14 acordos salariais fechados em novembro último no setor de agricultura, pecuária e serviços correlatos ( segmentos que registraram crescimento econômico) tiveram reajuste mediano 0,6% abaixo da inflação.

Para Zylberstjan, o cenário de reajustes salariais fracos deve continuar ao longo do primeiro semestre deste ano por conta da inflação em 12 meses ainda elevada e da desocupação em alta. “Será difícil sair de uma taxa de desemprego de dois dígitos neste ano por causa do baixo crescimento da economia.”

Imaizumi, da LCA Consultores, concorda com Zylberstjan. Ele ressalta que o baixo crescimento esperado para 2022 dificulta a recuperação do mercado de trabalho e tira poder de barganha do trabalhador.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.