Por trás dessa alta acelerada dos juros – a Selic estava em 2% no início do ano passado -, está a inflação em patamares muito elevados. O cenário com que o Copom precisa lidar na reunião desta semana inclui inflação acima do esperado no IPCA-15 de janeiro e a sinalização do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de que pode começar a subir juros a partir de março.
“Começamos 2022 com uma inflação de 10%, e as pressões para o ano são diferentes das vistas em 2003 e 2016. Naqueles momentos havia a política, a política fiscal e o câmbio ajudando. Desta vez, o Banco Central está totalmente sozinho e com riscos muito presentes e claros ao longo de 2022, além de elementos adicionais”, afirmou Sérgio Vale, da MB Associados.
Para Vale, haverá ainda duas altas de 1,5 ponto porcentual da Selic, em fevereiro e março, mas ele não descartou o risco de um aumento residual mais à frente.
“O BC tem sinalizado que não vai forçar a mão para tentar trazer essa inflação para meta (de 3,50%) já neste ano, mas isso não significa que, com uma inflação próxima de 6%, ele não tenha de atuar com mais agressividade”, disse.