Assim como a indústria e o comércio varejista, o setor de serviços começou o quarto trimestre no vermelho. O volume de serviços prestados no País encolheu 1,2% em outubro ante setembro, a queda mais intensa para o mês desde 2016, de acordo com os dados da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados nesta terça-feira, 14, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O setor já tinha registrado perda de 0,7% no mês anterior.
A retração superou até as previsões mais pessimistas de analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Projeções Broadcast, que estimavam uma queda negativa de 0,1%.
“O que pegou bastante nesse resultado de outubro é justamente a queda do ritmo de atividade (econômica)”, avaliou o economista-chefe do Banco MUFG Brasil, Carlos Pedroso.
Economistas do banco Citi alertaram, em relatório, para “riscos crescentes para que o PIB (Produto Interno Bruto) do quarto trimestre mostre a terceira contração consecutiva”, em vez da estabilidade atualmente prevista. Na passagem de setembro para outubro, a produção industrial encolheu 0,6%, enquanto as vendas no varejo ampliado – que inclui os segmentos de veículos e material de construção – diminuíram 0,9%, conforme dados anteriores do IBGE.
PIB ameaçado
A economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória, considerou frustrantes os resultados da economia em outubro, acrescentando que os indicadores de confiança não sugerem recuperação robusta da atividade em novembro e dezembro, embora haja boas notícias sobre retomada de fornecimento de peças para a indústria.
Rafaela afirma que pode revisar para baixo a projeção de estabilidade (0,0%) para o PIB do quarto trimestre. Em 2021, a economista estima crescimento de 4,8% para a economia brasileira, mas a projeção de alta de 0,5% para 2022 está ameaçada. “Começamos a ficar preocupados com 2022. Há um risco de recessão no próximo ano”, alertou.
A perda de fôlego de atividades econômicas, como a indústria e o comércio, está afetando também o setor de serviços, explicou Rodrigo Lobo, gerente da Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE. Em outubro, quatro dos cinco subsetores de serviços investigados recuaram, como em setembro.
“O setor de serviços já vinha mostrando perda de ritmo desde junho”, disse Lobo.
Na passagem de setembro para outubro, os destaques negativos foram os serviços de informação e comunicação (-1,6%) e o segmento de outros serviços (-6,7%). As demais quedas ocorreram em serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,8%) e transportes (-0,3%). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.