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Stuhlberger: ‘O mercado considera os dois candidatos ruins, cada um a seu jeito’

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Estadão Conteúdos

Como boa parte do mercado financeiro, a gestora Verde Asset tem trabalhado com o cenário de uma vitória apertada de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de outubro. Poderia ser um sinal promissor, já que uma das conversas mais importantes que Luis Stuhlberger, presidente e sócio-fundador da empresa, diz ter tido em sua vida de gestor de recursos foi com o ex-ministro Aloizio Mercadante, em 2002. Stuhlberger diz ter percebido na interlocução com o assessor do então candidato Lula que o governo do PT não seria tão ruim quanto o mercado esperava. A gestora apostou no crescimento do Brasil e teve uma das melhores rentabilidades de sua longa história de sucessos.

Só que há poucos dias Stuhlberger jantou, ao lado de outros empresários, com Lula. Viu que o ex-presidente (e novamente candidato) tinha um olhar de quem acreditava no que dizia: a ideia é aumentar o salário mínimo para que a população volte ao consumo, os empresários ganhem dinheiro e a economia cresça. “Ele está falando sério e quer melhorar o Brasil dentro da visão que ele tem”, disse Stuhlberger, em evento ontem da Verde.

O problema são os efeitos posteriores que as boas intenções escondem, como mostrou em números o economista-chefe da gestora, Daniel Leichsenring. O aumento do salário mínimo em 80% em termos reais, no governo Lula, e em 10% no governo Dilma resultou na explosão do déficit público, por conta do impacto na Previdência. Por esse e outros motivos, o País namorou com a insolvência no fim do governo Dilma.

Somado ao aumento do número de funcionários públicos, ao crédito público oferecido via BNDES e ao uso das estatais, a conclusão foi de mau uso do dinheiro público, segundo ele. “O desastre petista teve como consequência defasada da má alocação de capital o Brasil crescendo 0,5% menos do que a América Latina”, afirmou Leichsenring.

Não que a alternativa nas urnas seja melhor, segundo os profissionais da Verde. Do mesmo modo que Lula, Bolsonaro e o atual Congresso querem o fim do teto dos gastos. O presidente também é visto coMo alguém que atua contra a Lei de Responsabilidade Fiscal e ataca as reformas feitas no governo Michel Temer – que tentaram afastar o País da beira da insolvência.

Para Stuhlberger, ao contrário das eleições anteriores pós-redemocratização, esta não é considerada binária, no sentido de candidatos mais à esquerda ou à direita. “O mercado considera que os dois candidatos são ruins, cada um a seu jeito”, afirmou. “Usando uma linguagem não minha, mas das ruas, ‘é um psicopata contra um incompetente bem intencionado’.”

Para a gestora, a terceira via perdeu timing de lançamento de candidatura. A saída prematura, na visão da Verde, de Sergio Moro fez com que Bolsonaro recuperasse sua popularidade precocemente.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.