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Taxas caem, com aposta em desinflação derivada da Ômicron

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Estadão Conteúdos

Os juros futuros inverteram o sinal no fim da manhã e tiveram uma tarde de forte alívio nos prêmios, a despeito do desconforto com o debate em torno do Orçamento de 2022. Operadores citaram o temor com a Ômicron como catalisador das baixas, em especial nos vencimentos mais curtos. Com nova rodada de restrições no Hemisfério Norte, petróleo e taxas cederam no exterior e impactaram o mercado local, à medida que a variante tem sido cada vez mais percebida como desinflacionária e limitadora da atividade econômica.

A taxa do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 passou de 11,80% no ajuste de sexta-feira para 11,54% (regular) e 11,545% (estendida). A do janeiro 2025 foi de 10,757% para 10,505% (regular, na mínima) e 10,54% (estendida). E a do janeiro 2027 recuou de 10,621% a 10,46% (regular) e 10,48% (estendida).

Em termos de liquidez, foram 674 mil contratos do DI janeiro 2023 negociados hoje, 278 mil do janeiro 2025 e 101 mil do janeiro 2027. Para efeito de comparação, na segunda-feira passada, foram, respectivamente, 588 mil, 233 mil e 120 mil contratos negociados. Mas a percepção é de que, de agora até a virada do ano, o volume será cada dia menor.

A incerteza fiscal diante das batalhas em torno da destinação de recursos do Orçamento do ano que vem – o que, aliás, adiou a votação da peça orçamentária na Comissão Mista para amanhã – foram deixadas de lado pelos agentes ao longo da tarde. Não que o temor tenha desaparecido, mas o exterior acabou pesando mais.

Por lá, a Europa tem apertado cada vez mais as regras sanitárias, dado o temor de a cepa se espalhar especialmente entre os não-vacinados. O Reino Unido, por exemplo, observa um crescimento exponencial de casos. E cada vez mais grandes eventos tem sido cancelados. Paris desistiu de fazer a tradicional queima de fogos na Champs-Elysées e o Fórum Econômico Mundial adiou para o início do verão (no Hemisfério Norte) a sua reunião anual, marcada inicialmente para entre 17 e 21 de janeiro em Davos (Suíça).

São medidas que já tendem a encolher o transporte aéreo, com impacto em ações de companhias aéreas e na cotação do petróleo (veja mais nos cenários de Mercados Internacionais e Bolsa). Na prática, essas ações também têm reflexo na desaceleração da atividade e na inflação de prazo mais curto. Aqui no Brasil, a Ômicron ainda não se espalhou muito, mas o surto da gripe H3N2 acendeu o alerta de autoridades de saúde em Estados do Sudeste.

Hoje, os agentes monitoram ainda sinais sobre a inflação e atividade locais. Além dos dados, o mercado também observou a abertura do Relatório de Mercado Focus, que trouxe alívio marginal nas projeções para o IPCA de dezembro (de 0,72% semana passada para 0,71% hoje), janeiro (de 0,54% para 0,51%), 2021 (10,05% a 10,04%) e 2023 (3,46% a 3,40%).