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Taxas de juros caem com IPCA-15, apesar do tom duro da ata do Copom

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Estadão Conteúdos

Os juros futuros encerraram a terça-feira com queda em todos os vencimentos, especialmente nos intermediários que melhor refletem as expectativas para o próximo ciclo da Selic. Devolveram parte dos prêmios acumulados nas últimas sessões estimulados pelo IPCA-15 de setembro, que veio perto do piso das projeções e com leitura benigna dos preços de abertura.

A ata do Copom repetiu o tom duro do comunicado, mas não conseguiu demover o mercado da ideia de alívio da Selic nos próximos meses, mantidas na curva as apostas de corte já no primeiro semestre de 2023. A melhora do câmbio também favoreceu a trajetória das taxas. O leilão de NTN-B, mesmo com risco bem maior do que o anterior, foi absorvido sem sustos.

O destaque da sessão foi o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025, tanto em termos de variação de taxa quanto em volume – nesta terça foi o mais negociado, com quase 700 mil contratos. A taxa caiu de 11,827% no ajuste de segunda-feira para 11,59%, uma diferença de mais de 20 pontos-base. O DI para janeiro de 2024 encerrou a sessão regular em 12,78%, de 12,948% na segunda, e o DI para janeiro de 2027, em 11,545%, de 11,688%.

O economista-chefe do Banco Original, Marco Antonio Caruso, destaca que a curva já abriu com “gap” grande, dada a avaliação de que a ata não mudou a percepção de espaço para queda da Selic nos próximos meses, mesmo com os dirigentes tendo sinalizado que o ciclo de baixa não está no horizonte. “A ata repetiu um comunicado que já havia sido ignorado”, afirmou.

No documento, o Copom reitera que vai perseverar na desinflação e no processo de ancoragem das expectativas. Na sequência da ata, veio a deflação de 0,37% do IPCA-15, abaixo da mediana (-0,20%) e perto do piso das estimativas (-0,39%), segundo pesquisa do Projeções Broadcast. Em 12 meses, a inflação já está abaixo de 8% (7,96%). Entre os preços de abertura, a média dos núcleos, preços livres, de serviços e serviços subjacentes vieram aquém do esperado.

O conjunto dos dados, na avaliação de Carlos Macedo, especialista em alocação de investimentos e sócio da Warren, auxilia o Banco Central em sua estratégia de manutenção da taxa de juros para observar a defasagem da política monetária. “É inegável que o pior da inflação já passou e que há arrefecimento marginal. A dúvida está em qual será a velocidade de queda da inflação nos próximos meses diante de uma atividade econômica aquecida internamente”, comentou.

Justamente a percepção de um hiato do produto mais estreito é considerado na ata entre os riscos altistas para a inflação, assim como as incertezas sobre os juros globais e advindas do cenário fiscal. Pelo lado baixista, são mencionadas a possibilidade de manutenção das desonerações tributárias em 2023 e a queda das commodities.

Na curva, a precificação é de manutenção da Selic em 13,75% até o fim do primeiro trimestre do ano que vem, com chances de corte de 0,50 ponto porcentual aparecendo a partir de maio, segundo a Greenbay Investimentos. O economista-chefe, Flávio Serrano, informou que a curva embute cortes de cerca de 270 pontos-base ao longo do ano que vem, com Selic fechando em 11,05%.

Com relação ao leilão de NTN-B, houve teve demanda integral pelo lote de 2,150 milhões, concentrado no vencimento mais curto (2025), de 1,250 milhão. A oferta foi muito superior à de 800 mil da semana passada, com o DV01 (risco para o mercado) saltando de US$ 311 mil para US$ 1,02 milhão, conforme a Necton Investimentos.