A taxa do DI para janeiro de 2024 subiu de 12,822% no ajustes de sexta-feira para 12,95% no fim da sessão regular e a do DI para janeiro de 2025 fechou em 11,83%, de 11,621%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 11,69%, de 11,408%.
Embora a taxa do DI para janeiro de 2024 tenha voltado a se aproximar dos 13%, nesta segunda o que chamou mais a atenção foi avanço de quase 30 pontos-base da curva longa, com máximas especialmente depois que o dólar, também no pico da sessão, chegou a romper os R$ 5,40. No entanto, a trajetória foi ascendente desde a abertura, com o exterior no foco. Declarações na linha “hawkish” de dirigentes dos bancos centrais ampliaram o temor de recessão, reverberando nos ativos de forma generalizada.
Pelo Federal Reserve, o presidente da distrital de Atlanta, Raphael Bostic, que não vota este ano, afirmou que há “longo caminho” no aperto monetário a fim de conter os preços. Susan Collins, que assumiu a distrital do Fed em Boston, com direito a voto, focou seu primeiro discurso no combate à inflação e também na necessidade de apertar os juros. Já a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, disse que espera aumentar ainda mais as taxas para “amortecer a demanda”.
Enquanto a economia norte-americana ainda tem algum estofo para aguentar pressão, a situação é mais crítica na Europa, pressionada adicionalmente pela guerra entre a Ucrânia e a Rússia e agora também com a extrema direita na Itália. No Reino Unido, o impacto do pacote fiscal com corte de impostos continuou tendo efeito pesado nos gilts e derrubando a libra.
Nos Treasuries, as taxas subiram, nesta segunda mais fortemente na ponta longa, mas ainda assim a inversão da curva entre as T-Note de dez e dois anos segue como indicativo de recessão para os Estados Unidos. Como o leilão de T-notes de 2 anos teve demanda abaixo da média recente, os retornos na ponta longa tiveram impulso. No fim da tarde, o yield da T-Note de dois anos apontava 4,30% e o da de 10 anos, 3,87%.
André Alírio, operador de renda fixa da Nova Futura Investimentos, vê mudança de postura das autoridades monetárias nas últimas semanas, que antes temiam a recessão e agora assumem o “modo Paul Volcker”. O presidente do Federal Reserve entre o fim dos anos 70 e começo dos anos 80 promoveu um choque de juros em meio aos impactos inflacionários gerados pela crise do petróleo. “Deixaram para trás o medo da recessão e estão dispostos a assumir os riscos”, disse.
Nos anos 80, a alta de juro nos EUA quebrou vários países da América Latina, incluindo o Brasil. Desta vez, os fundamentos domésticos são considerados positivos para amortecer o choque, mas, segundo Alírio, de todo modo seria prematuro abrir o ciclo de cortes da Selic nos próximos meses. “Se começar a cortar muito cedo, não haverá tempo hábil para a transmissão dos efeitos da política monetária”, comentou.
Um quadro mais claro das intenções do BC com a Selic pode vir na terça-feira na ata do Copom e na quinta-feira, via Relatório Trimestral de Inflação (RTI). O mercado terá na terça ainda o IPCA-15 de setembro para digerir. A mediana das estimativas é de -0,20%, com a deflação perdendo força ante agosto (-0,73%), segundo pesquisa do Projeções Broadcast.