Notícias

Notícias

Taxas de juros sobem com tensões externas e cautela antes do feriado

Por
Estadão Conteúdos

Os juros futuros subiram nesta terça-feira, mais pela pressão do cenário externo do que pela deflação do IPCA levemente mais fraca do que a esperada, com a escalada da guerra na Ucrânia e o salto nos casos de covid na China somando-se às sinalizações hawkish dos bancos centrais para reforçar as preocupações com a economia global, além da tensão no mercado de títulos britânico.

Uma grande dose de cautela antes do feriado no Brasil também respondeu por boa parte da adição de prêmios de risco na curva. Enquanto os mercados por aqui estarão fechados nesta quarta-feira, a agenda americana contemplará a inflação no atacado em setembro e a divulgação da ata do Federal Reserve.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 12,805%, de 12,707% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2025 encerrou na máxima de 11,65%, de 11,49% no ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2027, também na máxima, terminou em 11,51%, de 11,32%.

“Não foi o IPCA, mas sim uma série de fatores no ‘overnight’ que elevaram as preocupações com o cenário global”, explicou a economista-chefe da MAG Investimentos, Patricia Pereira. Ela cita os últimos eventos relacionados à guerra na Ucrânia, com mais bombardeios russos no país, e os bloqueios impostos pela China após o número de casos de covid ter triplicado no feriado de uma semana. “E amanhã tem PPI, ata do Fomc e feriado aqui”, completou.

A depender da reação dos ativos ao dado e à mensagem do banco central americano, os mercados locais terão de se enquadrar na quinta-feira, quando já haverá outro vetor com potencial grande para mexer com os preços: o índice de inflação ao consumidor (CPI, em inglês). Especialmente para o mercado de juros, há na quinta-feira o agravante do leilão de prefixados, que pode adicionar pressão às taxas.

A postura defensiva antes do feriado em homenagem a Nossa Senhora Aparecida foi reforçada na reta final da sessão regular, ajudando boa parte das taxas a fecharem nas máximas do dia. O movimento teve ainda impulso de comentários do presidente do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Andrew Bailey, sobre o programa de recompra de Gilts indexados, anunciado mais cedo para tentar conter o que considera risco de “disfunções” nos mercados britânicos. Em tom firme, Bailey reafirmou que o programa valerá até sexta-feira. “Vocês têm três dias para se resolverem. O BoE estará fora do mercado até o fim da semana”, disse ele a fundos de pensão.

Dado o quadro externo turbulento, sobrou pouco espaço para reações ao IPCA, até porque o desvio ante a mediana das estimativas foi pequeno, de apenas 3 pontos-base. A deflação de 0,29% em setembro ficou levemente menor do que o consenso de -0,32%, mas ainda assim a maior para o mês na série história. A variação de -1,32% entre julho e setembro também é a maior queda trimestral da série histórica, iniciada em janeiro de 1980.