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Temor com China e riscos internos levam à queda do Ibovespa

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Estadão Conteúdos

Indicadores de atividade mais fracos do que o esperado na China e nos EUA contaminam as bolsas internacionais, à medida que trazem dúvidas a respeito do crescimento global. Este clima atinge o Ibovespa, que é contaminado principalmente por ações ligadas ao setor de commodities metálicas. Os dados alertam especialmente quanto ao ritmo de crescimento do gigante asiático, principal parceiro comercial do Brasil, que, por sua vez, apresenta enfraquecimento econômico. Além disso, a semana começa com investidores renovando preocupações em relação à inflação mundial, após o presidente do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Andrew Bailey, dizer que a instituição terá de “reagir à inflação” se houver riscos no médio prazo.

“Os principais motivos para este mau humor estão atrelados ao avanço da inflação no mundo todo, o que vai levar os bancos centrais a mudar sua política monetária, já sinalizado pelo Fed Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos)”, afirma a Mirae Asset em relatório.

À cautela externa, adiciona-se ainda preocupações internas relacionas a uma eventual greve dos caminhoneiros em novembro, o que pode comprometer o abastecimento, levando a novo encarecimento de produtos no momento em que a inflação já está elevada. Ficam ainda no radar a PEC dos Precatórios, que deve ser votada amanhã e uma definição sobre o Auxílio Brasil.

“O externo está ruim e respingam no Brasil, que é cheio de idiossincrasias. O mercado está mais avesso a risco, adotando posturas mais defensivas, buscando ativos mais seguros. Por mais que a possibilidade de uma greve de caminhoneiros ainda não tenha o apoio de toda a categoria, que seja apenas burburinho, acaba impactando, especialmente o dólar, é um assunto adicional para pesar no mercado”, avalia André Rolha, líder de renda variável e produtos de câmbio da Venice Investimentos.

No terceiro trimestre, o PIB chinês cresceu 4,9% na comparação interanual, ficando abaixo da estimativa de 5,1%. A produção industrial também decepcionou, ao apresentar alta de 3,1% em setembro (projeção de 3,8%). Em contrapartida, as vendas do varejo surpreenderam positivamente (ganho de 4,4%, acima da expectativa de 3,4%). A frustração com o PIB da China volta a alimentar os temores acerca da recuperação da economia global, observa em nota a CM Capital.

“Mercados internacionais e aqui repercutindo todos esses dados da Chinas”, diz Leonardo Santana, analista da Top Gain. O minério de ferro reagiu em queda de 0,72% no porto chinês de Qingdao, a US$ 124,32 a tonelada. As ações da Vale cediam 2,12%, puxando outros papéis do segmento e de siderurgia.

Além disso, os contratos futuros de petróleo avançam no exterior, ampliando ganhos dos últimos pregões, ainda em meio a expectativas de crescimento da demanda. Contudo, a possibilidade paralisação dos caminhoneiros no dia 1º de novembro, caso o governo não atenda às reivindicações em 15 dias, como piso do frete, nova política para o diesel e aposentadoria especial, fica no radar. As ações da Petrobras cediam 0,17% (PN), enquanto ON tentava alta (0,36%..

Contudo, a queda do Ibovespa, superior a 1%, ante Nova York (recuo máximo de 0,37% às 11h22) reflete todos os impasses internos como precatórios e extensão do auxilio emergencial, e tendo um dólar avançando mesmo depois dos leilões do Banco Central, afirma Santana, da Top Gain.

Às 11h19, o Ibovespa cedia 1,02%, aos 113.475,65 pontos, ante mínima aos 112.840,52 pontos e máxima aos 114.646,73 pontos. O dólar subia 1,43%, a R$ 5,5329.

“As reformas no Brasil não andam e o investidor está de olho na possibilidade de um novo auxílio, se ficará dentro ou fora do teto de gastos. O mercado está esperando algo concreto para ver se cai ainda mais ou se vai para cima”, diz Luiz Roberto Monteiro, operador de mesa institucional da Renascença, acrescentando ainda a divulgação de dados ruins de atividade da China e dos EUA. “O BC não para de fazer leilão e nada muda”, diz Monteiro.