O lockdown rígido em Xangai, megacidade chinesa com 25 milhões de habitantes, reforça o medo com a inflação, diz Caio Kanaan Eboli, sócio e diretor operacional da mesa proprietária Axia Investing. “As bolsas todas caem com esse temor de mais inflação e falta de produtos no mundo”, afirma.
Na sexta-feira, 8, o principal indicador da B3 fechou em queda de 0,45%, aos 118.322,26 pontos. Nesta semana, o foco na agenda no Brasil serão índices de atividade. O investidor ainda ficará de olho na movimentação salarial do funcionalismo.
Puxado principalmente por ações ligadas a commodities, ao setor de consumo e por Eletrobras, o Ibovespa cai para a faixa dos 117 mil pontos. Além da aceleração da inflação na China, João Abdouni, analista da Inversa, destaca o avanço há dias dos títulos americanos. Em tese, isso deveria fazer com que o dólar se fortalecesse e as bolsas caíssem. “No entanto, não temos visto muito isso. Pode ser que agora tenhamos uma correção”, estima.
Apesar de ter caído 2,67% na semana passada, o Ibovespa acumula alta de 12,88% em 2022. “O que vejo é uma inflação que deve puxar alta de juros global. Só que com perspectiva de alta das commodities, o Ibovespa tende a ser menos impactado”, pondera Abdouni.
Preocupações com os preços do gigante asiático se somam a temores com a inflação nos Estados Unidos, onde hoje haverá falas de membros do Federal Reserve (Fed, o banco central do país) que poderão dar sinais sobre política monetária, enquanto o conflito no Leste Europeu não dá trégua. Nessa linha, por aqui o mercado avalia com cuidado as palavras do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, após o IPCA de março acelerar, superando as expectativas, pressionando os juros futuros para cima na sexta-feira.
Em sua apresentação, Campos Neto disse que tem havido surpresas inflacionárias em diversos países. “Brasil tem claramente taxa de juros mais restritiva que outros países”, disse. Disse que está “analisando a surpresa no IPCA para ver se muda algo na tendência.” Afirmou que avaliará o impacto de alta de juros global no Brasil e reagir ao que acontecer.
Apesar disso, Eboli, da Axia, acredita que por ter saído na frente, ao começar a subir juros antes, o País tende a continuar em posição menos desfavorável que até mesmo países desenvolvidos. “Está em melhor situação, a Europa demorou para começar o processo de aperto monetário, praticamente agora que a crise está prestes a explodir”, afirma.
Enquanto a agenda de indicadores nos EUA está esvaziada – ganha força a partir de amanhã com o CPI e na quarta com balanços -, o juros dos Treasuries avançam e “atingem maior nível desde o início de 2019. O aumento das taxas de juros é disseminado para todos os prazos”, avalia em nota a MCM Consultores. A alta vem na esteira de sinais de aceleração no ritmo de aperto monetário pelo Fed.
“O tema inflacionário segue no radar, na véspera da divulgação do CPI nos EUA, que deve carimbar o recente endurecimento de discurso pelo Fed”, descreve o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria, em comentário a clientes e à imprensa.
No Brasil, destaque para o noticiário envolvendo a Eletrobras, dado que a pauta de privatização da empresa ficou fora do Tribunal de Contas da União (TCU). Às 11h05 desta segunda-feira, 11, as ações da companhia cediam 1,72% (PNB) e 1,56% (ON).
Petrobras cedia 0,73% (PN) e 0,81%); Vale ON perdia 1%. BRF ON recuava 5,05%. Já Braskem PNA subia 3,26%, com o dólar à vista testando alta de 10,7%, a R$ 4,7174.
O Ibovespa cedia 0,66%, aos 117.546,81 pontos, ante mínima diária a 117.030,09 pontos (-1,09%).