O movimento reflete piora do mercado devido ao patamar mais alto de juros e inflação, bem como devido ao aumento das incertezas sobre os rumos do País às vésperas das eleições, avaliou o presidente executivo do Secovi-SP, Ely Wertheim, em entrevista ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
A pesquisa apurou que em agosto foram vendidas 5,6 mil moradias novas. O montante foi 15,1% menor do que no mesmo mês do ano passado, quando as vendas chegaram a 6,6 mil unidades.
Em termos de valores, as casas e apartamentos novos comercializados movimentaram R$ 3,03 bilhões em agosto, recuo de 4,2% na mesma base de comparação anual.
A velocidade de vendas (que apura a porcentagem de vendas em relação ao total de unidades ofertadas) caiu para 8% em agosto deste ano contra 12,1% na comparação com o mesmo mês do ano passado.
No acumulado dos últimos 12 meses (de setembro de 2021 a agosto de 2022) foram vendidas 68,6 mil moradias, o que ainda representa um crescimento de 4% em relação ao período anterior (setembro de 2020 a agosto de 2021).
A velocidade das vendas no acumulado em 12 meses caiu para 52% ante o registrado um ano antes, quando estava em 58,6%.
No acumulado, as vendas dos imóveis dos segmentos de médio e alto padrão cresceram 11%, para 35,3 mil unidades, enquanto as vendas de unidades mais econômicas, dentro do Casa Verde e Amarela (CVA), encolheram 1%, para 33,4 mil unidades.
Em valores, as vendas acumuladas em 12 meses totalizaram R$ 35,1 bilhões, uma baixa de 4% em relação aos 12 meses anteriores.
Lançamentos e estoques
De acordo com levantamento do Secovi-SP, a cidade de São Paulo registrou no mês de agosto o lançamento de 7 mil unidades residenciais, queda de 9,2% na comparação com o mesmo mês do ano passado.
No acumulado de 12 meses, os lançamentos somaram 83,5 mil unidades, aumento de 2%. Os lançamentos de imóveis dos segmentos de médio e alto padrão cresceram 16%, para 48,3 mil unidades, enquanto aqueles dentro do Casa Verde e Amarela (CVA) caíram 11%, para 35,2 mil unidades.
A capital paulista encerrou agosto com um estoque de imóveis novos (na planta, em obras e recém-construídos) de 64,9 mil unidades, o equivalente a um crescimento de 34,6% na comparação com o mesmo mês do ano passado, quando a oferta totalizava 48,2 mil unidades.
Atualmente, 39,1 mil unidades do estoque são do segmento de médio e alto padrão. Considerando o ritmo de vendas, seriam precisos 13 meses para escoar esse estoque. Outros 25,8 mil imóveis são do Casa Verde e Amarela, que levariam apenas 9 meses para liquidação no ritmo atual.
Avaliação
O presidente do Secovi-SP disse que a baixa dos negócios imobiliários no mês de agosto decorre da piora do cenário da economia brasileira nos últimos meses, com juros mais altos no crédito e subida nos preços. “Teve aumento na taxa de juros. Não afetou o financiamento na mesma proporção da alta da Selic, mas ainda assim afetou”, disse. “E a inflação corroeu a renda da população.”
O clima de polarização e incerteza sobre os rumos do País também pesou, na sua avaliação. “O ambiente macro foi contaminado por política, o que explica em agosto a diminuição no volume de vendas. Isso possivelmente vai se repetir em setembro.”
Wertheim ponderou que o mercado imobiliário veio de dois anos seguidos com recordes de vendas e lançamentos, o que gera uma base mais forte de comparação. O recuo, neste momento, não quer dizer que o setor vai mal, mas sim que está em um patamar abaixo do pico. “Era de se imaginar que não íamos ter anos seguidos de ‘crescimento chinês'”, comparou.
O presidente do Secovi-SP reiterou a projeção de que o mercado imobiliário mostre uma certa estabilidade em 2022 perante 2021. A estimativa é que haja uma diferença de 5% para baixo ou para cima nos lançamentos e nas vendas.
Ele disse também que esse período de eleições, emendado com Copa do Mundo, festas de fim de ano e férias, devem atrapalhar os negócios no mercado para consumidores de alta renda. A tendência aí é que muita gente adie a decisão de fechar contrato. Já nos segmentos de baixa e média renda, os negócios devem seguir normalmente, porque aí as vendas ocorrem por necessidade.
Já para 2023, a perspectiva é mais positiva, tendo em vista o movimento recente de recuo da inflação, bem como tendência de baixa nos juros.