Mais uma vez, o presidente da companhia argumentou que não controla a cotação internacional do petróleo, uma das variáveis consideradas no cálculo de reajuste dos combustíveis. Reiterou também que o retorno à sociedade acontece, principalmente, por meio do pagamento de dividendos à União, seu acionista majoritário.
“Acionista majoritário (governo) recebe a maior parte e decide empregar em política pública o que a Petrobras não pode fazer. Existe grande desconhecimento da sociedade sobre o que a Petrobras pode fazer. Não podemos fazer políticas públicas, temos que cumprir a lei”, destacou Luna.
O preço da commodity tem disparado no mercado internacional, operando desde o início de outubro no patamar dos US$ 80 o barril, afetando os preços dos seus derivados no mercado interno. Com esse avanço, a Petrobras precisa ajustar seus preços para não perder competitividade no mercado e evitar o desabastecimento, justificou Luna.
Ele negou que esteja se sentindo pressionado pelos caminhoneiros, que ameaçam com uma greve no próximo dia 1º de novembro, tendo entre as reivindicações a queda do preço do diesel. Para o general, a questão do preço dos combustíveis está sendo tratada pelo Congresso Nacional e o governo, mas admitiu que a Petrobras pode ser um pouco mais sensível ao assunto, sem dar detalhes.
“Sabemos que o Congresso está estudando com o governo soluções que vão desde de um fundo amortecedor, vale-gás, vale-caminhoneiro… A Petrobras está atenta, mas no sentido de se sentir pressionado não, mas a Petrobras pode ser mais sensível ao que está acontecendo”, afirmou Luna.
A Petrobras divulgou na noite de quinta-feira, 28, lucro de R$ 31 bilhões e antecipou a distribuição de R$ 31,8 billhões para seus acionistas, entre eles a União, que somados ao dividendos já anunciados em agosto, de R$ 31,6 bilhões, garante aos acionistas pelo menos R$ 63,4 bilhões, cerca de US$ 12 bilhões.
Durante as apresentações ao longo da sexta-feira para trazer o resultado para analistas e jornalistas, Luna explicou que a decisão do Conselho de Administração, de antecipar a remuneração, “é consistente com nossa política de remuneração e compatível com a sustentabilidade financeira da companhia”. e reafirmou o compromisso da empresa de dar retornos cada vez melhores aos acionistas.
“Fazemos questão de que o máximo de eficiência dos nossos resultados gere o máximo de tributos e dividendos para a União, a gente pensa nos mais vulneráveis e de quem precisa para seu trabalho, com os caminhoneiros”, disse o presidente da Petrobras.
De acordo com o diretor Financeiro e de Relações com os Investidores da empresa, Rodrigo Araújo, afirmou que em um cenário positivo, a empresa poderá pagar um volume de dividendos superior a 60% do fluxo de caixa, previsto em sua política de remuneração. Anunciou ainda possível antecipação de mais dividendos no quarto trimestre do ano.
Araújo lembrou que a dívida bruta da empresa chegou ao patamar de US$ 160 bilhões em meados da década passada, mas que agora está dentro da meta estabelecida para daqui a 15 meses, em cerca de US$ 60 bilhões. “É um marco importante porque nos coloca com uma alavancagem igual às nossas concorrentes”, disse. Segundo ele, a companhia atingiu um nível de alavancagem “ótimo”.
O executivo informou ainda, que o próximo Planejamento Estratégico da companhia, para o período de 2022-2026, deverá ser divulgado entre o final de novembro e o início de dezembro, e confirmou a participação no próximo leilão de petróleo e gás do governo, em dezembro, no qual já exerceu seu direito de preferência de ficar com pelo menos 30% dos ativos ofertados, os campos de Atapu e Sépia, no pré-sal da bacia de Santos.