“A negociação não foi encerrada, e esse foi o motivo de estarmos aqui”, disse o ministro da Defesa, general Braga Netto, durante a visita presidencial às aeronaves da Embraer na Dubai Air Show, nos Emirados Árabes Unidos. “Continuamos em negociação e vamos entrar num acordo.”
Dentro de um cargueiro KC-390 da FAB exposto na feira Dubai Air Show, Bolsonaro puxou para perto de si o presidente da Embraer Defesa & Segurança, Jackson Schneider, e falou: “Continuaremos nos amando, tá ok?”. O executivo não quis comentar.
Bolsonaro segurava uma miniatura do KC-390, numa tentativa de promover o cargueiro cujas vendas nos últimos anos colaboraram para impulsionar a indústria de Defesa nacional: as exportações somam US$ 1,35 bilhão neste ano.
Um ministro militar disse ao Estadão que a decisão do governo deve ser encarada com naturalidade por causa da retração econômica e sinalizou que a compra pode ser retomada aos poucos. Até o momento, a Embraer não foi notificada oficialmente da decisão da Aeronáutica, endossada por Bolsonaro. Na véspera da feira, o presidente disse que o ministério não tem dinheiro para manter a compra inicial.
As conversas vinham desde abril, mas, segundo o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Baptista Junior, não houve acordo. A empresa diz que vai estudar medidas legais e avalia o equilíbrio financeiro do contrato, de 2014, atualmente em cerca de R$ 11 bilhões.
Nos bastidores, a redução da compra abriu uma crise pelo impacto potencial não só nas finanças da empresa, como na imagem dela e no prestígio do KC-390 internacionalmente. As encomendas são feitas por governos estrangeiros e costumam contar com apoio do Palácio do Planalto.
No domingo, o presidente circulou ao redor e entrou em outros aviões da empresa, entre eles o caça Super Tucano da Força Aérea dos Emirados Árabes, que conta com apoio de pilotos brasileiros.
Segundo o presidente, além do Super Tucano, o governo local avalia a aquisição do KC-390 para a frota dos Emirados Árabes. Fontes militares do governo brasileiro dizem que a quantidade não foi definida e ponderaram que a Embraer só pode aceitar encomendas se tiver capacidade de produção. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.