Grandes grupos de saúde do País já foram sondados, como Sul América e Bradesco, mas a disputa, neste momento, estaria mais acirrada entre a gigante Rede D’Or, dona dos hospitais São Luís, e a família Bueno, dos fundadores da Amil, que também controla a Dasa.
A estratégia de saída vem depois de uma série de tentativas de revitalização do negócio. A UHG não conseguiu reverter a situação da Amil desde a aquisição do negócio, em 2012. Primeiro, tentou fazer um processo de reestruturação na companhia, com corte de pessoal e troca de executivos.
Posteriormente, lançou no Brasil a Optum, empresa de tecnologia especializada em saúde que é sucesso nos EUA, mas que não decolou por aqui. No mercado americano, a UHG é uma gigante de saúde. Apenas no terceiro trimestre do ano passado, lucrou US$ 4 bilhões. Na Bolsa americana, é avaliada em US$ 445 bilhões.
A Amil encerrou o exercício de 2020 – o último balanço divulgado – com queda de 6% em seu faturamento consolidado, que alcançou R$ 25,7 bilhões. A redução do número de beneficiários e do volume de procedimentos eletivos foram os motivos para a retração. No entanto, quedas nas despesas de comercialização e administrativas levaram a operadora a fechar o ano com lucro líquido de R$ 517,1 milhões.
Perdas
Há anos, a Amil operava no prejuízo sua carteira de planos individuais, setor que vem sendo deixado de lado pelas operadoras, que preferem os planos corporativos. Em dezembro, após a transferência da carteira com mais de 370 mil vidas para uma empresa chamada APS Assistência Personalizada à Saúde, vários clientes se queixaram sobre a falta de esclarecimentos, levando a um pedido de esclarecimentos do Procon.
Em resposta na época, a UHG disse que nada mudaria para os beneficiários, que continuariam sendo atendidos pela mesma rede credenciada, amparados pelas mesmas condições de prestação de serviços e com os mesmos valores de mensalidades.
Como os planos eram deficitários, a UHG pagou R$ 3 bilhões para a empresa de investimento Fiord, nome por trás da APS, companhia de reestruturação de empresas. Antes, chegou a sondar outros concorrentes, que pediram valor maior para assumir a carteira. O negócio envolveu quatro hospitais da Amil em São Paulo e Curitiba, que são os mais utilizados pelos clientes nas duas cidades.
Agora, a UHG busca interessados pelo controle da Amil. A companhia tem planos de manter uma fatia minoritária no ativo, dizem fontes. O BTG Pactual foi contratado pela UHG para avaliar a operação.
Atrativos
A Amil, de acordo com dados de seu site, tem 5,7 milhões de clientes, 7,4 mil laboratórios, 19,5 mil colaboradores e 19,7 mil médicos conveniados. Conta ainda com 15 unidades hospitalares e 1,2 mil hospitais credenciados.
O maior interesse da Rede D’Or, empresa capitalizada e bastante agressiva em aquisições, seriam os hospitais. No entanto, conforme fontes, a transação poderia encontrar resistência no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), por conta da potencial concentração de mercado.
Por isso, uma das estratégias seria uma divisão dos ativos. A Rede D’Or tem hoje cerca de 60 hospitais, além de ser uma acionista relevante na operadora Qualicorp.
Se a Rede D’Or ficar com parte da Amil, será um desfecho curioso para uma briga antiga entre as empresas. A Amil chegou a anunciar o descredenciamento da rede, culpando a companhia pelo aumento da inflação médica.
Procurados, UnitedHealth, Bradesco Seguros, Rede D’Or Dasa e SulAmérica afirmaram que não comentam rumores de mercado.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.