Leia, a seguir, os principais trechos da conversa:
Como se pode definir a categoria de Digital Craft para um público além da publicidade?
Participei do primeiro júri de Digital Craft, em 2016, e também no ano passado. O festival tem algumas categorias um pouco técnicas. Digital Craft celebra a arte da tecnologia, tudo o que usa a tecnologia como ferramenta. Inclui realidade aumentada, realidade virtual, inteligência artificial, plataformas e apps, vídeos pensados para o ambiente digital, animação… A ideia é encontrar as boas ideias com execução impecável.
Ou seja: não pode ser a ideia pela ideia nem a tecnologia pela tecnologia?
É o equilíbrio entre o “craft” na execução e a ideia. É um olhar muito profundo: olha-se o texto, a direção de arte, o design, a experiência o usuário. A cada ano vejo a evolução não só do jeito de produzir, mas do jeito de pensar também. O metaverso sempre foi parte dessa categoria, mas neste ano a gente está no começo da conversa (sobre o tema). Acho que vem muita coisa diferente por aí.
O festival deve ser parcialmente presencial este ano. Isso faz diferença?
Tomara que seja presencial, a gente quer o contato humano. No ano passado, no júri (remoto) em que eu trabalhei, deu tudo muito certo. Mas óbvio que, estando lá, as conversas são mais longas, é muito mais enriquecedor. Muitas vezes o argumento de um jurado para premiar uma peça é muito bom, e um shortlist (finalista) vira Leão de Ouro.
Qual sua opinião sobre a meta do festival de ter 50% do júri composto por mulheres?
Acho fundamental. Quando isso apareceu, eu ouvi as pessoas falando: “meu Deus, não vai ter gente suficiente”. E olha quanta gente tem hoje. O ponto de diversidade é enriquecedor, necessário e indispensável. Quanto mais diversa a equipe de criação, mais criativo é o trabalho. É um caminho sem volta.
E qual é a sua visão sobre a diversidade nas agências brasileiras? Ela vai além do discurso?
Pelo que estou vendo, não é só discurso – e em todos os aspectos, como raça, gênero e comunidade LGBTQIA+. Houve evolução rápida e acredito que o Brasil está na frente da maioria da América Latina. As pessoas viram que isso faz diferença, estou empolgada. No que se refere aos cargos C-level (de direção), a questão está mais adiantada no exterior. A gente está numa evolução, mas temos muito o que trabalhar.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.