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Mercado projeta Selic menor e taxas curtas de juros têm queda forte

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Estadão Conteúdos

A formalização do plano do Banco Central de elevar a Selic nas próximas reuniões a um ritmo menor do que os 150 pontos-base da quarta-feira provocou queda forte nos juros futuros de curto prazo. As apostas para o mês de março são amplamente majoritárias em 100 pontos-base, e houve redução substancial nos meses de maio e junho. A taxa terminal e no fim do ano embutida nos preços passou de 12,50% a 12,25%. A curva também perdeu inclinação negativa, com o diferencial entre os contratos de 2023 e 2027 passando de -116 pontos-base a -94,5 pontos-base.

O DI para janeiro de 2023 caiu de 12,143% a 11,91% (regular) e 11,895% (estendida). O janeiro 2024 recuou de 11,47% a 11,315% (regular) e 11,29% (estendida). O janeiro 2025 passou de 10,993% a 10,88% (regular) e 10,86% (estendida). E o janeiro 2027 foi de 10,981% a 10,965% (regular) e 10,95% (estendida).

Este movimento decorreu da interpretação do comunicado do BC, que disse textualmente que “em relação aos seus próximos passos, o Comitê antevê como mais adequada, neste momento, a redução do ritmo de ajuste da taxa básica de juros. Essa sinalização reflete o estágio do ciclo de aperto, cujos efeitos cumulativos se manifestarão ao longo do horizonte relevante”. Mesmo que na frase seguinte o BC faça um ‘hedge’ ao citar que os “passos futuros” poderão ser ajustados, a sinalização clara é de que a intenção do colegiado é a de continuar subindo os juros, mas em intensidade distinta.

Assim, a precificação sobre a Selic se alterou. Para o encerramento de 2022, as apostas na quarta-feira eram de taxa entre 12,25% (12% de chance) a 12,50% (88% de chance). Nesta quinta, passaram a Selic entre 12% (22% de chance) a 12,25% (78% de chance).

Na prática, como usual, o mercado ainda embute um prêmio maior do que o estimado por analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast. A mediana para março, fim do ciclo e fim de 2022 é a mesma: 11,75%. Mas a pesquisa anterior apontava para uma taxa em maio e terminal maior, sendo, respectivamente, 11,88% e 12%.

Para Andres Abadia, economista-chefe de América Latina da Pantheon Macroeconomics, o Copom elevará a Selic a 11,75% e é aí que a taxa deve ficar até o fim do ano, supondo que a inflação continue diminuindo. “Mas não podemos descartar um aperto mais modesto no segundo trimestre, se as pressões do núcleo de inflação permanecerem rígidas e o aumento do risco político colocar o real sob forte pressão”, diz.