O principal item alterado no plano de recuperação judicial da mineradora foi um limite de US$ 2,3 bilhões em aportes da Samarco na Renova, órgão que foi criado para administrar o pagamento das indenizações referentes à tragédia de Mariana (MG), em 2015, que deixou 18 mortos e provocou dano ambiental ao ecossistema do Rio Doce.
Se a injeção de capital superar esse montante, Vale e BHP arcarão com a conta. Adicionalmente, o novo plano impõe que a Samarco apenas fará aportes na Renova se o fluxo de seu caixa for mantido em pelo menos US$ 300 milhões. A mineradora esteve no centro da tragédia de Mariana, ficando vários anos sem operar. Essa situação culminou, em abril do ano passado, no pedido de recuperação judicial.
Os credores financeiros da Samarco, grupo formado por investidores estrangeiros, defendiam que era a Vale e BHP que deveriam arcar com os custos da tragédia. Além disso, questionavam as razões para a dívida das sócias, de R$ 23,75 bilhões, estar incluída no pedido de recuperação. No total, a dívida da Samarco que está dentro do processo de recuperação judicial é de pouco mais de R$ 50 bilhões.
Os credores, contudo, tinham outras divergências em relação ao plano. A defesa era pelo pagamento de 100% da dívida vencida, mais juros. A Samarco, por sua vez, propôs um desconto de 75% na dívida, com o pagamento feito até 2041. Outra opção seria a conversão da dívida em participação acionária na Samarco.
No entanto, com as mudanças do novo plano, a expectativa, conforme fontes próximas à Samarco, é de que o plano possa ser aprovado. Nesta semana, esse mesmo grupo de credores da Samarco contratou o executivo Tito Martins, ex-Vale, para ser o presidente da Samarco. O grupo defenderá, conforme fontes, é que a empresa precisa de uma gestão independente e que isso será cobrado seja o plano aprovado ou não.