Kashkari publicou um texto com sua perspectiva para o quadro atual. Ele admitiu que errou anteriormente, ao considerar que o avanço da inflação no ano passado era fruto de fatores transitórios. Para este ano, o dirigente disse que agora projeta que o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) avance 4,5%.
Sem direito a voto nas decisões de política monetária deste ano, Kashkari disse também que projetava um quadro mais controlado para as cadeias de produção, após o auge da covid-19. Ele disse que grandes empresas advertiram sobre problemas nas cadeias ao longo de 2022, mas comentou esperar que, neste momento, o quadro já estivesse melhor. Além disso, há um “risco substancial” com a China, diante de surtos locais do vírus, o que poderia representar desafio maior para as cadeias globais de produção, apontou.
Kashkari disse também que a “invasão chocante da Ucrânia” torna “quase todos esses problemas mais desafiadores”, com um salto nos preços do petróleo e de commodities em geral e uma “tremenda incerteza geopolítica e econômica”.
O dirigente comentou, sobre o consumo, que ficou surpreso com o fato de que o consumo de produtos tem se sustentado, mesmo com os gastos em serviços já retornando aos níveis pré-pandemia. Ou seja, não houve a substituição antes por ele esperada, ao menos por enquanto.
Uma boa notícia é que as expectativas de inflação nos EUA no longo prazo seguem ancoradas na meta, apontou Kashkari. Uma hipótese para o quadro atual, segundo ele, é que os grandes estímulos para enfrentar a covid-19 levaram a economia para um quadro de maior atividade e maior inflação. Os gastos também podem estar apoiados pela maior confiança, apontou.
O dirigente informou que fez várias revisões em suas projeções. Nas mais recentes, apontou que os juros nos EUA devem estar na faixa entre 1,75% e 2,00% ao fim deste ano. Caso a economia esteja sob “alta pressão”, porém, o Fed terá de agir mais agressivamente, apontou.