O “piscinão”, porém, não será acessível para qualquer tipo de surfista: a empresa anunciou nessa semana um modelo de associação para os interessados, que segue padrão semelhante a um clube. Quem quiser se tornar membro e ter acesso ao espaço precisará pagar R$ 800 mil.
“Essa ideia surgiu e já está sendo trabalhada há quatro anos e existem vários interessados, especialmente aqueles praticantes de surfe que não querem perder tanto tempo indo para o litoral”, explica Thiago Alonso, presidente da JHSF.
Além de arcar com a taxa de inscrição, o executivo explica que os associados precisarão pagar uma taxa de manutenção de R$ 21 mil por ano. As vagas serão limitadas, por ora, a 200 membros.
Edifícios
O empreendimento também incluirá, posteriormente, um residencial de alto luxo. Chamado de São Paulo Surf Clube, o espaço de 60 mil metros quadrados terá apartamentos de 300 m2 a 400 m2, com um potencial de venda de R$ 2,3 bilhões, segundo informa a incorporadora.
Como o valor médio será algo entre R$ 22 mil e R$ 25 mil o m2, os imóveis podem chegar a custar até R$ 10 milhões. A construtora Even também participará do projeto.
Para custear a construção da piscina com ondas de maneira mais acelerada, foi adotado esse modelo de associação. A JHSF não revela o custo de construção, mas fontes de mercado ouvidas pelo Estadão estimam que o projeto custará algo em torno de R$ 150 milhões a R$ 200 milhões. Caso a companhia alcance os 200 membros, a arrecadação já chegará aos R$ 180 milhões.
A ideia da JHSF é fazer com que o espaço não seja só voltado para os praticantes de surfe – nos últimos meses, tem crescido na capital o número de espaços voltados a esportes de praia, especialmente o futevôlei e o beach Tennis.
Para completar, a empresa vai construir no local um shopping center de 20 mil m2, que será aberto ao público.
A companhia tem procurado opções para expandir os seus negócios. O perfil é quase sempre similar: terrenos com distância de até uma hora da capital paulista.
O mais recente empreendimento foi criado em Bragança Paulista, com 5,7 milhões de m2. Por 51% da sociedade que detém na área, a companhia pagou R$ 177 milhões, que serão desembolsados nos próximos cinco anos. Outras aquisições podem surgir, diz Alonso.
Ações em queda
A empresa faz esses movimentos também buscando retomar o apoio dos investidores, uma vez que as ações da companhia estão caindo quase 30% nos últimos doze meses. Para Anderson Menezes, presidente da casa de análise Alkin Research, a queda reflete um cenário macro desafiador, que tem ditado os rumos do mercado.
O analista ainda acrescenta que, apesar do setor de construção e de shoppings estar sofrendo na Bolsa, a JHSF pode se dar melhor num médio e longo prazo por trabalhar com as classes mais altas.
“A empresa deve fugir do estresse de inflação em alta e aumento dos juros, pois atende um público que não deve ter a renda afetada com o momento atual”, diz Menezes.
Tendência
O projeto da JHSF não é o primeiro de alto padrão voltado aos praticantes do surfe. Um condomínio residencial em Itupeva, município no interior de São Paulo, recebeu uma praia artificial, capaz de produzir diferentes tipos de ondas.
O empreendimento foi realizado pela KSM, que tem por trás Oscar Segall, um dos fundadores da construtora Klabin Segall, vendida em 2009. O local escolhido foi o condomínio Fazenda da Grama, a 80 quilômetros de São Paulo. A praia artificial tem cerca de um quilômetro de “orla” e 28 mil metros quadrados de espelho d’água, que forma o “mar”. O investimento foi de R$ 160 milhões.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.