Divulgados nesta terça-feira, 12, pela Abraciclo, a associação que representa os fabricantes de motos, os números confirmam que a oferta dos veículos de duas rodas segue em trilha de recuperação após as restrições de produção, decorrentes da segunda onda da pandemia, no início do ano passado. Em meses consecutivos, foi o maior volume de produção desde outubro de 2014 (144,6 mil unidades).
Contra fevereiro, a produção subiu 27,4%, garantindo disponibilidade de produtos que, numa situação incomum, permitiu às vendas de motos (110 mil unidades no varejo) superar no mês passado as de carros de passeio (108,3 mil unidades), onde a produção segue comprometida pela irregularidade no fornecimento de peças, principalmente componentes eletrônicos.
Durante a apresentação do balanço à imprensa, o presidente da Abraciclo, Marcos Fermanian, comentou que as montadoras de motos têm capacidade de acelerar a produção se a demanda surpreender nos próximos meses.
“De forma geral, pequenas questões ligadas ao abastecimento sempre estão presentes em nossa indústria. Mas não temos questão muito especifica como tem a indústria de automóveis, que vem se queixando da falta de componentes eletrônicos. Em nosso caso, esta não é uma questão preponderante”, disse o executivo.
Fermanian acrescentou que o alto índice de nacionalização (90%) dos modelos de menor cilindrada, responsáveis por dar escala à indústria, traz menor dependência de peças importadas, onde está o maior gargalo de produção da indústria de veículos. “Nossa indústria tem conseguido suplantar essas dificuldades de abastecimento, e temos conseguido avançar bem neste ano”, comentou.
No primeiro trimestre, 327,1 mil motos foram produzidas, 37,8% acima do número apurado nos três primeiros meses de 2021. A base de comparação aqui é fraca porque no início do ano passado as montadoras tiveram que reduzir o horário de produção em função da onda de contaminações pela covid. Com o colapso nos hospitais de Manaus (AM), onde as fábricas estão instaladas, também houve restrições no fornecimento de gases industriais, usados em trabalhos de solda, dada a urgência de levar oxigênio aos pacientes com covid nas UTIs.
A expansão dos serviços de entrega (delivery) e a busca por meios de transporte individual financeiramente mais acessíveis – tanto em preço quanto em gastos com combustível – são as principais causas do crescimento do consumo de motos.
Apesar da recuperação, Fermanian disse que, como o funcionamento das fábricas segue limitado por protocolos de prevenção que impedem um maior número de operários de trabalhar ao mesmo tempo, o setor ainda não chegou a um equilíbrio entre oferta e demanda. Os estoques continuam em nível considerado baixo.
Citando preocupações com o impacto da alta dos juros e das incertezas típicas de anos eleitorais, a Abraciclo, apesar dos números até agora positivos, manteve a previsão para este ano que aponta para a produção de 1,29 milhão de motos. O volume projetado, além de representar uma alta de 7,9% em relação a 2021, supera em 16,4% o total fabricado em 2019, quando os resultados não eram afetados pela pandemia. Segue, no entanto, distante das mais de 2,1 milhões de motocicletas produzidas em 2011.
“Ainda estamos muito distantes do auge. Nossa perspectiva é gradativamente avançar ao patamar de 2 milhões novamente”, afirmou o presidente da Abraciclo.