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Juros terminam com queda expressiva alinhados ao alívio do câmbio

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Estadão Conteúdos

Os juros tombaram nesta sexta-feira, 1º, alinhados ao câmbio, principalmente, e ao recuo dos preços do petróleo. Fatores internos, como a paralisação de funcionários do Banco Central e Tesouro e os dados da produção industrial, ficaram em segundo plano. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024, hoje o mais negociado, encerrou a 11,84%, de 12,056%% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 caiu de 12,731% para 12,62%. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 11,16%, de 11,42%. Pela primeira vez abaixo do nível de 11% desde 3 de fevereiro (10,96%), a taxa do DI para janeiro de 2027 terminou a 10,98%, de 11,22% ontem.

O sinal de baixa prevaleceu nas taxas desde a abertura e foi se acentuando ao longo do dia, sempre com o câmbio como principal referência, num momento de grande preocupação com o efeito inflacionário da escalada das commodities em função do conflito na Ucrânia. “Como o dólar furou R$ 4,70, ajudou bastante a tirar prêmio da curva pela percepção de que pode ajudar a mitigar o cenário inflacionário”, explica Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, lembrando que o petróleo hoje também se desvalorizou.

Após alguma volatilidade inicial, a commodity se firmou em queda à tarde, em meio à liberação de reservas estratégicas da Agência Internacional de Energia (AIE) e aperto nas restrições de circulação na China por causa da nova onda de Covid.

Para o Bradesco, os efeitos da guerra na Ucrânia para as commodities são ambíguos para a economia brasileira. O menor crescimento global, a elevação da inflação e os potenciais problemas na importação de fertilizantes sugerem menor crescimento e preços mais elevados no médio prazo. Por outro lado, o ganho nos termos de troca favorece o real, a melhora das contas públicas e uma menor aversão ao risco, que atuam na direção de maior crescimento e mitigação de riscos inflacionários. “Nesse contexto, o efeito líquido deve ser mais crescimento, inflação e juros”, concluem os economistas.

No fechamento dos negócios, o dólar estava em R$ 4,6673, baixa de 1,97%, prevalecendo sobre qualquer preocupação com possíveis impactos da paralisação de servidores. Sem sucesso nas negociações em defesa da reestruturação de carreira e recomposição salarial, funcionários do BC entraram em greve por tempo indeterminado a partir de hoje. No Tesouro, servidores pararam hoje e vão cruzar os braços também na terça (5).

Na agenda, enquanto o payroll de março era destaque nos Estados Unidos, aqui o IBGE divulgou a produção industrial de fevereiro, que subiu 0,7% ante janeiro. A alta veio acima do consenso de crescimento de 0,4%, mas não alterou a percepção negativa para a indústria nos próximos meses. “O diagnóstico ainda é delicado, pelos juros e custos de produção elevados e cadeias de produção global em desequilíbrio”, afirma Abdelmalack.