“O desenvolvimento sustentável deve direcionar qualquer governo. Não é uma agenda partidária, mas de Estado e da sociedade brasileira. Honrar compromissos já assumidos pelo País é o primeiro passo da jornada”, diz Marina Grossi, presidente do CEBDS, que espera entregar o documento aos pré-candidatos em evento a ser realizado em junho.
A carta pede o cumprimento de compromissos como garantir os direitos humanos, zerar o desmatamento ilegal até 2028, reduzir 50% das emissões de gases de efeito estufa (GEE) até 2030 e universalizar serviços de saneamento básico, por exemplo. São objetivos sociais e ambientais assumidos pelo País em diferentes fóruns, como na 26.ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP-26), realizada na Escócia no ano passado.
Outras demandas incluem a criação de um mercado de carbono regulado, o desenvolvimento de sistemas alimentares com práticas agrícolas sustentáveis e um plano estratégico de transição energética. Há ainda proposta de acabar com lixões e elaborar um plano de redução de desigualdades sociais.
EMPRESAS DE PESO.
A carta foi aprovada pelas empresas representadas, embora elas não assinem diretamente o documento. São pesos-pesados da economia, responsáveis por mais de 1 milhão de empregos, de setores como agronegócio (Cargill e Amaggi), frigoríficos (BRF e JBS), cosméticos (Natura e Boticário) e tecnologia (Microsoft e Amazon). O CEBDS tem associados na mineração (como Vale e Anglo American), bancos (Itaú e Santander) e alimentos e bebidas (Nestle e Ambev).
Essa não é a primeira vez que o empresariado se mobiliza para cobrar desenvolvimento sustentável do setor público. No ano passado, diante de ameaças externas de retiradas de investimentos e boicote a produtos brasileiros, empresários lideraram uma série de movimentos para se blindar do posicionamento ambiental do governo Bolsonaro, com manifestações públicas de preocupação sobre o desmatamento e outras cobranças. Uma das cartas pedia, por exemplo, protagonismo do País na COP-26.
COMPETITIVIDADE.
Marina explica que as propostas devem ser abordadas de forma integrada pelos presidenciáveis em seus planos de governo, apesar de o documento listálas individualmente. “São medidas capazes de estimular o governo brasileiro a desempenhar um papel de vanguarda. São projetos que trazem competitividade para o País, com efeito em toda a economia e que cabem dentro de quatro anos de mandato.”
Teresa Vernaglia, CEO da BRK Ambiental, uma das empresas ligadas ao CEBDS, lembra que a organização realizou iniciativa semelhante em 2018, quando apontou aos presidenciáveis a necessidade de mudanças estruturais para a regulamentação do setor de saneamento. O Novo Marco do Saneamento acabou editado em 2020. “Pelo menos 19 milhões de pessoas já foram beneficiadas em mais de 200 municípios de diferentes Estados.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.