“Os preços dos veículos continuam caros, a alternativa tem sido a locação. O mercado está se mostrando resiliente, vamos continuar crescendo”, afirmou ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) o CEO da Ouro Verde, Cláudio Zattar.
A geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) alcançou R$ 142 milhões no primeiro trimestre do ano, avanço de 104% sobre o mesmo período do ano passado. Com isso, a margem Ebitda atingiu 75%, aumento de 22,1 pontos na mesma base de comparação.
A receita líquida operacional atingiu R$ 256,9 milhões de janeiro a março, alta de 41,2% sobre um ano antes. “Tivemos um crescimento do volume de negócios, o que sinaliza a melhora do mercado, que tem permitido o repasse de aumento de custos”, observa Zattar.
Em leves, a receita líquida foi de R$ 125,7 milhões no trimestre e, em pesados e maquinários, R$ 131,2 milhões, com crescimento nos dois segmentos. Houve avanço de 121,7% nos contratos de GTF e de 80,2% na venda de ativos.
O executivo relata que o volume de investimentos no período resultou no aumento da receita de aluguel. No trimestre, o capex da companhia foi de R$ 424,1 milhões, incremento de 43,4% na comparação anual, com 98% do valor alocado em renovação e expansão da frota, mesmo em um contexto de restrição de oferta.
“Estamos vendo uma certa retomada das entregas. Em abril, o setor recebeu mais ativos, nós já estamos recebendo mais carros em maio. As montadoras estão otimistas.”
Por outro lado, Zattar destaca que a venda de ativos segue em desaceleração. Para renovar a frota, as locadoras precisam necessariamente manter um nível compatível de venda de veículos. “O primeiro trimestre foi forte em compras, o próximo não vai ser tanto. Não vamos abraçar toda demanda, não dá, mas estamos conseguindo fazer bons resultados”, pontua.
Segundo ele, em 2022 a Ouro Verde deve comprar um volume de veículos equivalente ao capex orçado para o ano, de R$ 1,2 bilhão. “Compraríamos mais se tivesse oferta.”
O executivo relata que, apesar do aumento de preços dos veículos, a companhia está ativando mais contratos, com destaque para pesados. Em sua visão, a tendência é que neste ano cerca de 65% do orçamento de capex estimado seja destinado para compra de pesados, como caminhões e máquinas de “linha amarela” (movimentação de terra).
“No segmento de carros, o problema de restrição de oferta é maior, o backlog das locadoras com as montadoras é enorme. Essa questão ainda é uma incógnita.”
Zattar observa que o aumento de tarifas na locação está em linha com a alta dos preços dos veículos. Por outro lado, o avanço da taxa básica de juros (Selic) está afetando o negócio. “Enquanto a Selic não parar de aumentar, isso vai interferir no nosso custo financeiro. O lucro líquido não cresceu como a receita porque a Selic está subindo”, avalia. “E infelizmente os preços dos veículos não vão mais cair”, acrescenta.