Em painel durante a conferência Green Swan, organizada pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS), a dirigente afirmou que nenhum banco na região está próximo de alcançar as metas estabelecidas pelo BCE sobre divulgações de riscos climáticos.
Lagarde lembrou que, no ano passado, o BC europeu conduziu testes de estresse para avaliar a vulnerabilidade do setor financeiro às transformações do clima. Segundo ela, com base nos dados do estudo, ignorar o problema aumentaria os riscos de falências de bancos.
A banqueira central acrescentou que o BCE passou a integrar os riscos climáticas nos modelos de projeções e análises macroeconômicas.
Christine Lagarde também afirmou que a autoridade monetária não desistiu da ideia de criar um programa de empréstimos verdes. O programa seria um instrumento para fornecer crédito de juros baixos para incentivar empresas a cortarem a emissão de carbono.
A dirigente reconheceu que alcançar um consenso nessa área seria difícil, por conta das diferentes visões sobre o assunto. No entanto, para ela, um acordo é possível.
“Inflação verde’
Lagarde rejeitou a ideia de que a estabilidade de preços no curto prazo esteja sendo ameaçada pela chamada “inflação verde”, isto é, os efeitos do processo de transição a uma economia menos dependente de emissão de carbono. Ela explicou que a maior parte da recente escalada inflacionária é causada, na verdade, por energia originada de combustíveis fósseis.
“O problema real que temos é a dependência ao pequeno, e algumas vez hostil, número de fornecedores de energia fóssil no momento”, disse, em aparente referência à Rússia, da qual a União Europeia busca reduzir importações de commodities como resposta à invasão da Ucrânia.
Lagarde defendeu que, no médio prazo, as pressões de custos relacionadas à transição verde serão “mais fortes”. Segundo ela, o mundo precisará de metas mais ambiciosas para mitigar o aquecimento global. “Transição será inflacionária no médio prazo, mas há grandes oportunidades para empresas”, disse.
Guerra
No painel, a presidente do BCE afirmou, ainda, que a guerra da Rússia na Ucrânia deve acelerar os esforços de diversificação de fontes de energia. Christine Lagarde acrescentou que o conflito deve levar os países a considerarem a segurança como fator mais importante para a política energética, não mais a eficiência. A dirigente ressaltou ainda que a crise geopolítica também deve mudar a matriz energética para uma dependência menor de combustíveis fósseis.