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Índice de preços de alimentos da FAO cai pelo 3º mês seguido em junho

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Estadão Conteúdos

O Índice de Preços de Alimentos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) alcançou média de 154,2 pontos em junho, queda de 3,7 pontos (2,3%) em comparação com maio, marcando a terceira redução mensal consecutiva, embora ainda 29 pontos (23,1%) acima do valor correspondente em igual período do ano passado. A baixa foi liderada por quedas nos subíndices de preços de óleos vegetais, cereais e açúcar. Os subíndices de preços de laticínios e de carnes, em contrapartida, subiram.

O subíndice de preços dos cereais registrou média de 166,3 pontos em junho, uma queda de 7,2 pontos (4,1%) em relação a maio, mas 36 pontos (27,6%) acima do valor alcançado em junho de 2021. Segundo a organização, após os preços do trigo atingirem um nível quase recorde em maio, caíram 5,7% em junho, embora ainda estejam 48,5% acima dos valores do ano passado.

O recuo foi ocasionado pela perspectiva de aumento da oferta do cereal no Hemisfério Norte, por sinais de produção maior na Rússia e pela expectativa de demanda de importação global mais lenta. De maneira geral, os preços internacionais dos grãos caíram 4,1% em junho, mas ainda ficaram 18,4% acima dos valores do ano anterior, segundo a FAO.

“A pressão foi decorrente das disponibilidades sazonais na Argentina e no Brasil, onde as colheitas de milho progrediram rapidamente, e as melhores condições de colheita nos Estados Unidos da América sustentaram um declínio de 3,5% nos preços mundiais do grão em junho. Preocupações com as perspectivas de demanda em meio a sinais de desaceleração econômica somaram-se à pressão baixista”, afirmou a entidade em relatório.

O levantamento mensal da FAO também mostrou que o subíndice de preços dos Óleos Vegetais registrou média de 211,8 pontos em junho, queda de 17,4 pontos (7,6%) ante maio, devido aos preços mais baixos dos óleos de palma, girassol, soja e colza. “Os preços internacionais do óleo de palma caíram pelo terceiro mês consecutivo em junho, uma vez que a produção sazonalmente crescente dos principais países produtores coincidiu com as perspectivas de aumento da oferta de exportação da Indonésia”, comentou a FAO. A entidade ainda destacou que os preços mundiais do girassol e do óleo de soja também cederam, mas em virtude da fraca procura de importação global.

Na sondagem mensal da FAO, o subíndice de preços das Carnes apresentou média de 124,7 pontos em junho, alta de 2,1 pontos (1,7%) em relação ao mês anterior, estabelecendo um novo recorde histórico e superando em 14,0 pontos (12,7%) seu valor de junho de 2021. Segundo a FAO, o resultado foi impulsionado por um forte aumento nos preços mundiais de todos os tipos de carne, com o setor avícola avançando acentuadamente e atingindo máximas históricas.

As altas foram sustentadas pelo aperto contínuo na oferta global decorrente da guerra na Ucrânia e pelos surtos de gripe aviária no Hemisfério Norte. “Os preços da carne bovina subiram, já que a China suspendeu suas restrições de importação para compras do Brasil. Enquanto isso, os preços da carne suína se recuperaram ligeiramente com as importações mais altas de vários importadores líderes, em meio à continuidade das baixas compras da China”, afirmou a FAO. Os preços internacionais da carne ovina também se recuperaram devido aos menores volumes exportáveis da Nova Zelândia, apesar da enfraquecida demanda do norte da Ásia.

O subíndice de preços de Laticínios registrou média de 149,8 pontos em junho, alta de 5,9 pontos (4,1%) em relação a maio e 29,9 pontos (24,9%) acima do valor de junho de 2021. Os preços mundiais de todos os produtos lácteos subiram, com as cotações de queijo avançando mais.

Os ganhos foram sustentados por um aumento na demanda de importação por suprimentos spot com as preocupações do mercado sobre a disponibilidade de oferta no fim do ano, já que a onda de calor do início do verão pesou ainda mais sobre a produção de leite na Europa, que já estava baixa. “Os preços mundiais do leite em pó aumentaram devido à forte demanda de importação, à persistente falta de oferta global e aos baixos níveis de estoque”, informou a organização.

Ainda segundo o levantamento, os preços internacionais da manteiga se recuperaram com as dúvidas do mercado quanto às entregas de leite nos próximos meses, impulsionando as compras externas e a demanda interna na Europa.

A FAO registrou, ainda, média de 117,3 pontos em junho para o subíndice de preços do Açúcar. Queda de 3,1 pontos (2,6%) em relação a maio, marcando a segunda baixa mensal consecutiva e o menor nível desde fevereiro. De acordo com a FAO, o recuo foi desencadeado pela desaceleração do crescimento econômico mundial que pesou na demanda internacional de açúcar e nas cotações de preços em junho.

“Do lado da oferta, as boas perspectivas de disponibilidade global continuaram a exercer pressão baixista sobre os preços”, ressaltou a organização acrescentando que a desvalorização do real frente ao dólar e a queda nos preços do etanol no Brasil levaram os produtores a aumentar a produção de açúcar, contribuindo para o aumento da oferta e a queda dos preços mundiais em junho. No entanto, as incertezas sobre o resultado da temporada atual no Brasil impediram quedas mais substanciais de preços, pontuou a FAO.