Como, ao mesmo tempo, o mercado vai consolidando a expectativa de Selic estável a partir de agora e já trabalhando a ideia de início dos cortes a partir do primeiro semestre de 2023, houve conforto para a retomada de risco. As vendas no varejo pouco piores do que a mediana das estimativas deram alguma contribuição para o recuo.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou estável em 13,72% e a do DI para janeiro de 2024 passou de 12,95% no ajuste de terça para 12,93%. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 11,875%, de 11,907%, e a do DI para janeiro de 2027 caiu de 11,773% para 11,715%.
O CPI cheio e o núcleo mais fracos do que o mercado previa deram gás para a queda das taxas desde a manhã, enquanto aqui a retração das vendas do varejo foi mais forte do que apontavam as medianas das estimativas. Os vencimentos longos dos DIs, mais uma vez, foram destaque, chegando a devolver nas mínimas do dia em torno de 25 pontos-base em alguns contratos.
O varejo restrito teve retração de 1,4% em junho ante maio, ante mediana de -1,0%, e as vendas do varejo ampliado caíram 2,3%, ante mediana de +0,2%. Além disso, os dados de maio foram revisados para baixo. Mesmo sendo de junho, os números acabaram servindo de argumento para a redução de prêmios na curva, na medida em que endossam a ideia de que a Selic não deve mais subir.
André Alírio, operador de renda fixa da Nova Futura Investimentos, afirma que o comportamento da curva nesta quarta representa a junção da ideia de aumentos menos expressivos de juros lá fora com as apostas no fim do ciclo de altas da Selic, embora acredite que a taxa básica, hoje em 13,75%, ainda possa chegar a 14%. “E o mercado não se contenta em só apostar no fim do ciclo como já começa a especular sobre os cortes”, disse.
Alírio, da Nova Futura, acrescenta que também é necessária alguma cautela com a percepção de que o pior da inflação americana ficou para trás, porque em boa medida o alívio no CPI decorreu da queda em preços de energia e combustíveis. “São itens muito voláteis e temos preços de alimentos ainda em níveis elevados”, afirma.
De todo modo, as apostas de que o Federal Reserve deve reduzir o ritmo de alta do juro para 50 pontos na reunião de setembro ganharam força, provocando forte ajuste no rendimento dos Treasuries na primeira etapa. A taxa da T-Note de dez anos chegou a rodar no patamar de 2,68%, de 2,79% na terça, mas no fim da tarde voltava a 2,78%. O CPI também produziu efeitos no mercado de câmbio, com o dólar aqui chegando a mínimas na casa de R$ 5,03, mas no fechamento já estava em R$ 5,085.