Os dados são da Associação Brasileira de Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás). A associação atribui o aumento às altas nos preços dos combustíveis registradas no trimestre passado e teme que a falta de ajustes das políticas do governo para contemplar também o gás natural prejudique o segmento.
“No primeiro semestre, o mercado foi muito impactado pelo aumento dos combustíveis líquidos e, com isso, houve um crescimento muito grande do mercado de GNV [gás natural veicular]. Quem utiliza muito o GNV são os taxistas, os motoristas de aplicativo, então o GNV deu uma sobrevida para esse público”, explicou o diretor de Estratégia e Mercado da Abegás, Marcelo Mendonça.
Ele avalia que o gás natural está com uma “política descasada” com relação a combustíveis como gasolina e etanol. “Quando você cria uma política específica e esquece algum combustível, você acaba criando condições artificiais para beneficiar certos combustíveis. Essa é uma questão que precisa ser corrigida. Vários estados já estão correndo atrás desse acerto”, afirmou Mendonça ao Broadcast Energia, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
A associação avalia que o desarranjo pode ter influenciado a inflação já que muitas empresas que fazem esse serviço de transporte dentro do estado utilizam GNV. “A gente tem esse impacto, e essa é uma medida que precisa ser acertada para que não acabe reduzindo esse crescimento que a gente vem observando no mercado de GNV”, completou.
Consumo total segue em queda
No total, o consumo médio de gás natural no Brasil caiu para 53,56 milhões de metros cúbicos diários (m³/dia) no segundo trimestre deste ano. A redução foi de 27,1% na comparação com o volume acumulado de abril a junho do ano passado, quando foram consumidos 73,44 milhões de m³/dia.
A queda é explicada, assim como no primeiro trimestre, pela diminuição do despacho térmico para geração de energia elétrica. Com a melhora na condição dos reservatórios das hidrelétricas observada desde o início do ano, o consumo de gás natural para geração elétrica despencou 70,1% frente ao segundo trimestre do ano passado, caindo de 32 milhões de metros cúbicos/dia de abril a junho de 2021 para 9,6 milhões de metros cúbicos/dia nos mesmos meses de 2022.
Sem considerar a geração termelétrica, o consumo médio de gás natural no País registrou alta de 6,2%, na mesma base de comparação, para 44 milhões de m³/dia ante os 41 milhões de m³/dia no segundo trimestre de 2021.
A melhora é identificada em quase todos os outros segmentos de consumo e é justificada, entre outros fatores, pelas condições mais favoráveis após o período mais crítico da pandemia de covid-19. No segundo trimestre de 2021, o País enfrentava uma onda grave de infecções pela doença. Na comparação entre os dois períodos, além da alta no consumo veicular, cresceu o consumo industrial (5,2%), residencial (2,2%), comercial (23%) e na cogeração (2,8%).