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Mudanças de comportamento são essenciais para enfrentar dilemas financeiros

Por
Luiz Alberto Caser

Quando chagamos à fase adulta, boa parte do nosso psiquismo está formado. Entretanto, ainda nos permitimos ter dilemas financeiros que atuam como empecilhos ao nosso desenvolvimento financeiro. Trazer um novo olhar em direção a mudanças de comportamento por parte de pessoas comuns, consumidores, empresas e setor público tem sido um grande desafio tanto a curto, quanto a longa prazo.

Como é possível fazer com que as pessoas, dentro do seu próprio ecossistema, sejam conscientes sobre a importância de pequenas mudanças financeiras cotidianas? Nosso comportamento social e pessoal diz muito sobre os nossos dilemas financeiros.

Numa junção de diversas disciplinas, tais como Economia, Psicologia, Neurociência, Sociologia, entre outras, as Finanças Comportamentais buscam reduzir ou evidenciar os vieses de comportamento a respeito dos quais estamos sujeitos, enquanto tomadores de decisões. Assim fatores emocionais, sociais, psicológicos, cognitivos e econômicos afetam a tomada de decisão como indivíduos.

Compreender esses vícios comportamentais nos ajudam substantivamente a diminuir ou mesmo a eliminar alguns vieses que muitas vezes nos desviam de um comportamento tido como “racional”, levando-nos a executar ações que nos prejudicam e interferem na nossa saúde financeira.

Abaixo, uma lista simplificada de influências que sofremos diariamente nas nossas decisões:

» Normas Sociais: Nossas escolhas são influenciadas por normas sociais e pelo comportamento dos outros.

» Framing: A forma que uma escolha ɰ apresentada afeta nossa decisão.

» Status quo: Tendemos a nos manter no que ɰ conhecido e na opção padrão.

» Priming:Somos influenciados facilmente por informações irrelevantes e/ou inconscientes.

» Efeito Posse: Valorizamos mais algo que possuímos comparado ao que não possuímos.

» Âncoras: Nossas decisões são tomadas com base em um ponto de referência, consciente ou inconsciente.

» Desconto Intertemporal: O horizonte de tempo e quando seremos impactados pela ação afeta nossas decisões.

» Falácia do Planejamento: Costumamos subestimar prazos e custos quando planejamos uma ação.

» Contexto: O contexto em que vivemos é fundamental e pode ser usado para influenciar uma decisão

» Aversão à perda: Sentimos muito mais as perdas do que os ganhos, mesmo que estes tenham a mesma dimensão.

Tomar decisão pode ser difícil, justamente pelo fato de que ela sempre terá algum impacto em menor ou maior grau em nossas vidas. Decisões complexas implicam trade-offs* peculiares. Não se pode garantir que a perda de bem-estar que uma família tem hoje, reduzindo seu consumo diário para poupar, será compensada por um aumento de bem-estar futuro.

Por outro lado, as Finanças Comportamentais fornecem ferramentas quantitativas para responder esse tipo de questão, por exemplo: taxas de desconto, estimativas de gastos futuros e fluxos de fundos descontados são alguns dos dispositivos que um economista, assessor de investimentos, consultor utilizam quando tentam resolvê-las.

Com a intangibilidade e incerteza crescente no dia a dia dos brasileiros, vieses críticos tendem a ser amplificados, e causar ainda mais estragos. Compreender o porquê desses desvios de comportamento é passo nevrálgico para enfrentar nossos dilemas financeiros.

 

*Trade-off: Algumas situações “trade-off” significam nada mais do que escolher uma coisa em detrimento de outra. Um país que precisa elevar os juros para conter a inflação faz um “trade-off”.

Este artigo tem como objetivo democratizar o acesso à educação financeira via Luiz Alberto Caser, especialista da Valor Investimentos.

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