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Diretor do Fed apoia alta de juro forte e prevê mais aperto monetário em 2023

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Estadão Conteúdos

Diretor do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Christopher Waller se juntou ao coro de dirigentes do BC norte-americano que defendem uma alta de juros mais agressiva na reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) deste mês. Ele não especificou qual o tamanho do aumento que prefere, mas as discussões têm girado em torno de uma terceira alta seguida de 75 pontos-base ou uma moderação do ritmo de aperto, para 50 pontos-base.

“Apoio os aumentos contínuos na taxa básica e, com base no que sei hoje, apoio um aumento significativo em nossa próxima reunião em 20 e 21 de setembro, para que a taxa básica fique em um cenário que esteja claramente restringindo a demanda”, resumiu Waller, durante discurso no Workshop Vienna Macroeconomics nesta sexta-feira.

Quanto às próximas reuniões depois deste mês, Waller ressaltou que a escala das altas de juro dependerão de dados e de suas consequências à atividade nos EUA.

Para ele, os dados de inflação e emprego mais recentes indicam que o próximo encontro do Fomc será “direto”, ressaltando a postura agressiva atual do Fed. Waller, inclusive, espera que os aumentos de juro não Aprem em 2022 e sejam estendidos até o ano que vem. Ele não comentou, porém, sobre a possibilidade de corte de juros em 2023, como estima parte do mercado.

Waller ainda comentou a desaceleração da inflação nos EUA em julho, chamando-a de “sinal encorajador”, mas que não evidencia que os preços estão reduzindo em direção à meta de 2% do Fed. Até que este objetivo não seja alcançado, o Fomc seguirá com sua postura ofensiva de combate à inflação, completou.

Projeções

Caso o núcleo do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) seguir as projeções mais recentes do Federal Reserve – que estima moderação para alta anual de 4,3% no quatro trimestre de 2022 e desaceleração à meta de 2% em 2023 e 2024 – o juro terminal do atual ciclo de aperto monetário ficará ao redor de 4%, segundo avaliação do diretor do BC norte-americano.

O dirigente, porém, alertou que o cenário atual é de alta incerteza e não é possível confiar com certeza nas projeções de junho. Caso a inflação surpreenda em alta e não modere significativamente ao fim deste ano, o juro básico nos EUA precisará “bem acima” de 4%, disse Waller.

Ao mesmo tempo, caso a inflação melhore além do esperado, é possível que o juro suba a um pouco menos do que 4%, acrescentou.

De qualquer forma, Waller ressaltou que a taxa dos Fed funds precisará ser elevada a um nível “significativamente acima da taxa neutra”, a que não estimula nem comprime a atividade. Segundo o diretor do BC dos EUA, é preciso fazer isso para evitar uma desancoragem das expectativas inflacionárias, em especial as de longo prazo, que subiram “apenas um pouco” – sinal de que há confiança na política monetária do Fed, argumentou.

Outro ponto de atenção deve ser os salários nominais, que têm subido rapidamente, destacou Waller. Quanto à atividade, o banqueiro central disse que já há sinais de desaceleração nos EUA, algo que o Fed deseja para moderar os preços.

Ao mesmo tempo, os dados recentes de emprego “enterraram mais” o argumento de que o país está em recessão, avaliou. “Enquanto a taxa de desemprego ficar abaixo de 5%, podemos ser muito duros” no combate à inflação.”